As pessoas não querem que as celebridades sejam “inteligentes” ou “políticas”, diz Dua Lipa

“A minha existência é política. O facto de viver em Londres deve-se aos meus pais terem sido obrigados a fugir da guerra”, lembrou a artista britânica em entrevista à Rolling Stone.

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Dua Lipa é uma das nomeadas dos Grammys Reuters/AUDE GUERRUCCI
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O que esperar de uma celebridade ou de um cantor? Que seja apenas uma cara bonita com uma voz de encantar? A cantora Dua Lipa queixa-se da percepção que o público tem dela. “Não sei se as pessoas acham que não leio livros. Não querem que sejamos políticos. Não querem que sejamos inteligentes. Há muito mais em mim do que aquilo que faço”, desabafa em entrevista à Rolling Stone.

A cantora é tudo menos o que acredita esperarem dela e nunca se coibiu de expressar opiniões ou mostrar que vai além do que se vê em cima do palco. Desde que se estreou em 2017, com o êxito New Rules, Dua Lipa lançou um clube de leitura, uma newsletter de lifestyle e um festival de música em Pristina, no Kosovo — o país onde passou parte da infância.

Este ano, também fez manchetes ao apelar pelo cessar-fogo imediato na faixa de Gaza e assegura que a sua visão sempre foi influenciada pelo terror que os seus pais, albaneses, passaram ao ter de fugir da guerra no final dos anos 1990. “A minha existência é política. O facto de viver em Londres deve-se aos meus pais terem sido obrigados a fugir da guerra”, lembra, na mesma entrevista.

É por esse motivo que diz empatizar tanto com as pessoas que têm de sair da sua casa para sobreviver. “Fazem-no por protecção, para salvarem a sua família, para proteger as pessoas à sua volta, por uma vida melhor. Por isso, sinto-me próximas deles”, declara.

Numa guerra nunca há só um lado e, apesar de ter assinado uma petição para ajudar palestinianos, não se inibe de criticar as atrocidades perpetuadas pelo Hamas nos últimos meses. “Não concordo com o que o Hamas está a fazer. Sinto-me muito mal por todas as vidas israelitas perdidas e pelo que aconteceu a 7 de Outubro”, insiste. Como tal, apela aos líderes mundiais que tomem uma posição, porque o “cessar-fogo humanitário tem de acontecer.

Sem papas na língua, a estrela de 28 anos é bem mais reservada no que toca à sua vida privada e recusa-se a confirmar se tem um novo namorado, mesmo quando a imprensa de celebridades está repleta de suposições. “Acho que é porque sou britânica. Não estou aqui para abrir as minhas entranhas num talk show porque vai ser bom para as notícias ou para atrair atenção.

É na música que prefere abrir as entranhas e prepara-se para lançar um novo álbum no final deste ano, inspirado pela cultura das raves britânicas. “Este disco parece-me um pouco mais cru. Quero captar a essência da juventude, a liberdade, a diversão. É só deixar as coisas acontecerem, quer sejam boas ou más. Não as podemos mudar. Só temos de nos deixar levar pelo que acontece na nossa vida”, termina.

Para os fãs de Dua Lipa é preciso sintonizar nos Grammys, a 4 de Fevereiro. A artista está nomeada para Melhor Canção do Ano com Dance the night, parte da banda sonora do filme Barbie. Em Julho, a cantora passará por Portugal para um concerto no Nos Alive, no Passeio Marítimo de Algés.

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