Programa de rescisões amigáveis na Global Media tem adesão residual

Terão sido poucos os funcionários que aderiram ou manifestaram intenção de aderir ao programa de rescisões da Global Media, em número muito inferior aos 150 a 200 desejados pela administração.

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Os trabalhadores do GMG preparam-se para um possível despedimento colectivo Nuno Ferreira Santos
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A adesão dos trabalhadores do Global Media Group (GMG) ao programa de rescisão amigável de contratos que a administração instaurou com o objectivo de dispensar até 200 funcionários está a ser residual. Um levantamento realizado pelo PÚBLICO junto de algumas empresas do grupo confirmou que apenas três funcionários d'O Jogo e um da TSF aderiram ao processo. No caso do Jornal de Notícias, apenas três pessoas terão manifestado à direcção a intenção de rescindir voluntariamente no âmbito do programa.

Questionada sobre o nível de adesão ao programa de rescisão de contratos, que decorrera inicialmente até 20 de Dezembro mas foi prolongado até ao início de Janeiro, fonte oficial do GMG disse que não iria pronunciar-se sobre este tema para já. Os trabalhadores da Global Media também não foram informados oficialmente sobre quantas pessoas aderiram ao programa e queixam-se da falta de resposta por parte da administração e do gabinete de recursos humanos do grupo — um silêncio que está a dificultar os processos negociais.

Esse gabinete está "deserto", "praticamente sem ninguém", apurou o PÚBLICO: alguns membros demitiram-se e outros estão neste momento de baixa. Todos os assuntos estão a ser encaminhados para um dos administradores do grupo, Paulo Lima de Carvalho, que não tem respondido às tentativas de contacto dos trabalhadores. O PÚBLICO tentou contactar o administrador, mas ainda não obteve resposta. Fonte oficial disse que o GMG não iria fazer comentários sobre este tema.

Perante a falta de adesão ao programa de rescisão de contratos, que pretendia dispensar 150 a 200 trabalhadores, os trabalhadores preparam-se agora para enfrentar a possibilidade de um despedimento colectivo. O processo ainda não foi formalmente comunicado aos trabalhadores, mas José Paulo Fafe, presidente executivo do GMG, tinha admitido a 9 de Janeiro, numa comissão parlamentar, que esse era um desfecho possível se o grupo não conseguir atingir o número pretendido de rescisões voluntárias.

Os trabalhadores do JN e d'O Jogo convocaram um plenário para a próxima quinta-feira, 18 de Janeiro, pelas 15h, para debater a suspensão dos contratos de trabalho, na sequência das falhas no pagamento de salários e dos subsídios de Natal. José Paulo Fafe tinha dito no Parlamento que esperava saldar essas dívidas até "segunda ou terça-feira" através de uma transferência que chegaria até ao início desta semana, mas o prazo voltou a não ser cumprido.

Em comunicado, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) disse esta segunda-feira que uma parte dos trabalhadores do Global Media Group (GMG) ainda não recebeu o ordenado do mês passado: "Continuam sem receber o salário de Dezembro, esperam pelo subsídio de Natal e uma explicação da administração, que parece incapaz de encontrar soluções para os problemas do grupo". O sindicato diz-se "perplexo com a postura da comissão executiva" do GMG, confirmando que não tem obtido qualquer esclarecimento da comissão executiva sobre os atrasos nos pagamentos.

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