Eleições em Taiwan. Quem são os três candidatos à presidência?
Actual vice-presidente, antigo polícia e outsider competem pelo cargo político mais importante na ilha reivindicada pela China.
Taiwan realiza eleições presidenciais e legislativas no sábado. Para o lugar da Presidente, Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático (DPP), que não pode apresentar-se a um terceiro mandato, concorrem três políticos: Lai Ching-te, Hou Yu-ih e Ko Wen-je.
Segundo as sondagens, Lai é o favorito à vitória, particularmente após os outros dois concorrentes terem falhado um acordo para a apresentação de candidatura única, depois de a terem prometido.
Quem são, de onde vêm e o que defendem os três candidatos à presidência da ilha reivindicada pelo Governo da República Popular da China como uma província chinesa?
Lai Ching-te (Partido Democrático Progressista)
Também conhecido como “William Lai”, o candidato do DPP é o actual vice-presidente de Taiwan. Na sequência do mau desempenho do partido de centro-esquerda nas eleições autárquicas de Novembro de 2022, substituiu Tsai na liderança do DPP no início do ano seguinte.
Aos 64 anos, este filho de um mineiro de carvão é tratado pelo Governo chinês como um “extremista”, depois de ter dito, em tempos, que era um “trabalhador pragmático pela independência” de Taiwan.
Moderou entretanto a sua posição, garante que não vai alterar o nome oficial do território (República da China), diz que cabe à população de Taiwan decidir o seu futuro e tem optado por enfatizar a autonomia taiwanesa e defender o statu quo das relações entre os dois lados do estreito de Taiwan.
Tal como Tsai, Lai rejeita as reivindicações históricas do Partido Comunista Chinês (PPC) e recusa as acusações de Pequim de que o DPP tem contribuído para o crescimento da tensão entre os dois territórios.
Lai tem bastante experiência política e governativa. Vice-presidente desde 2020, já foi primeiro-ministro (2017-2019), presidente da câmara da cidade de Tainan (2010-2017) e deputado no Parlamento (2008-2010).
Para o cargo de vice-presidente escolheu Hsiao Bi-khim, antiga embaixadora de facto de Taiwan nos Estados Unidos.
Hou Yu-ih (Kuomintang)
Hou é o candidato dos nacionalistas chineses do Kuomintang (KMT), o principal partido de oposição, cujos dirigentes, com o Presidente chinês Chiang Kaihek à cabeça, fugiram da China para Taiwan em 1949, na sequência da derrota contra as forças comunistas de Mao Tsetung.
Antigo agente policial, Hou não corresponde propriamente ao perfil do típico político do KMT, uma vez que não faz parte da elite política que ainda está muito ligada àqueles que abandonaram a China continental durante a Guerra Civil.
Actualmente com 66 anos, foi subindo na hierarquia da polícia taiwanesa, até chegar a presidente da câmara de Nova Taipé em 2018 e ser reeleito em 2022.
Uma das bandeiras de campanha do KMT é a reabilitação da comunicação com o Governo chinês. Hou defende o regresso do diálogo, mas rejeita o princípio “um país, dois sistemas” que Pequim quer promover em Taiwan, quando a “reunificação” se der.
Tal como Lai, Hou também defende a manutenção de boas relações com os EUA e o reforço das capacidades defensivas da ilha; assume, no entanto, que Taiwan e China fazem parte do mesmo espaço político-constitucional e que essa será a matriz da sua acção política.
Durante a campanha, o candidato do KMT foi, no entanto, obrigado a reafirmar, várias vezes, que não tem um posicionamento pró-Pequim.
Para vice-presidente escolheu Jaw Shaw-kong um homem dos media, com grande presença no espaço público e no comentário político.
Ko Wen-je (Partido Popular de Taiwan)
Antigo presidente da câmara de Taipé (2014-2022), Ko concorre pelo Partido Popular de Taiwan (TPP), que fundou em 2019, para ser uma força política capaz de contrariar o bipartidarismo taiwanês.
Cirurgião de profissão, tentou focar a sua campanha no aumento do custo de vida e dos preços da habitação em Taiwan e acredita-se que tem uma base sólida de eleitores jovens, cujas preocupações vão para além da disputa com a China.
Com 64 anos de idade, Ko admite, ainda assim, negociar com Pequim, mas só se o PCC respeitar o sistema democrático, a liberdade e o modo de vida de Taiwan.
Em Novembro do ano passado, o TPP anunciou que iria apresentar uma candidatura conjunta com o KMT, mas o falhanço das negociações e a decisão de se sentar à mesa com os conservadores causou danos na reputação de Ko como político independente e sem apreço pelo sistema.
Cynthia Wu, cuja família é a principal accionista no poderoso grupo empresarial Shin Kong Group, concorre ao cargo de vice-presidente pelo TPP.