Quase meio milhão de pessoas nos Caminhos de Santiago. Portugal em alta
O Caminho é cada vez mais procurado e em 2023 bateu recordes: mais de 446 mil caminhantes. Os portugueses continuam no top e os Caminhos Português e da Costa só são suplantados pelo Caminho Francês.
Em 2003, a Oficina do Peregrino em Santiago de Compostela registava 74.324 mil pessoas. Vinte anos depois: 446.035, mais dois por cento que no ano passado. Património Mundial da UNESCO, os caminhos de peregrinação, que percorrem vários pontos da Europa e afluem em Santiago de Compostela, seguem na senda do sucesso, 15 séculos depois dos primeiros passos.
Segundo dados disponibilizados pela Oficina do Peregrino, que certifica os caminhantes e atribui a "compostela", os portugueses estão entre as nacionalidades mais registadas. Com 20.698 peregrinos, surgem a seguir aos espanhóis (quase metade, perto de 200 mil, i.e., 44,78%), norte-americanos (cerca de 32 mil), italianos (quase 29 mil), alemães (24 mil). No caso dos portugueses, a registar apenas um ligeiro aumento de cerca de 500 pessoas em relação a 2022.
O caminho mais percorrido é o Francês (quase 220 mil pessoas), mas logo a seguir no mapa estão o Caminho Português (mais de 88 mil) e a variante do Caminho Português da Costa (mais de 52 mil). Assinale-se que os troços portugueses são cada vez mais utilizados, com a Costa a conquistar cada vez mais peregrinos (mais 23 mil que em 2002). Em termos de pontos de partida, as mais usados são, por ordem, Sarria, Tui, Saint-Jean-Pied-de-Port, Porto, Ferrol e Valença do Minho.
Estes números recorde têm sido acompanhados do tema da "massificação" do Caminho, aliás, muito debatido e com fervor. Ainda este Verão, o jornal El Confidencial reportava, precisamente, a "turisficação", apontando Santiago de Compostela como uma "cidade invadida por 'peregrinos influencers'. "O caminho passou de espiritual a viral", escrevia-se.
Ainda assim, assinale-se que a fé continua a ser a razão primeira, com 42% a apontar motivos religiosos para a caminhada. Já 34,7% considera ter uma mescla de motivos, religiosos e outros. E, já afastado da peregrinação tradicional, há um grupo em crescimento, os que são apenas caminhantes, sem quaisquer razões religiosas: totalizaram, em 2023, os 23%, segundo os dados da Oficina do Peregrino.
Agosto é o mês com mais afluência, seguido de perto por Julho e Setembro. De Novembro a Março, é outra história, com números residuais. Mas, assinale-se, há cada vez mais gente a tentar evitar os períodos nobres e espalhada pelos meses do ano.
Outros detalhes: tanto homens como mulheres se fazem ao caminho em números similares (quase 50/50) e a maioria dos peregrinos têm entre 46 e 65 anos (41%).