No fim a soprano morre (para proporcionar à ópera o seu clímax)

A morte da protagonista é um tema clássico do reportório operático. It’s Not Over Until the Soprano Dies, que a Mala Voadora agora estreia, mostra quão recorrente se tornou este estereótipo.

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É no cenário ultra-realista criado por José Capela que Jorge Andrade faz desfilar quase 30 finais de óperas ESTELLE VALENTE/SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
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“Todas as mulheres na ópera morrem uma morte para a qual são preparadas por um enredo lento, tecido por heróis furtivos e fugazes, até ao seu momento de glória: uma morte cantada”, escreveu a filósofa francesa Catherine Clément no livro L’Opéra ou la Défaite des Femmes. A propósito da edição norte-americana da obra, Paul Robinson acrescentava, num artigo do New York Times, que “a ópera, por outras palavras, não é diferente de outros produtos artísticos do nosso tempo”, fixando “uma narrativa de dominação masculina e opressão feminina”. Simplesmente, acrescentava, “fá-lo de forma mais flagrante e, enfim, mais sedutora do que qualquer outra forma de arte”. O artigo, publicado em Janeiro de 1989, tinha por título It’s Not Over Until the Soprano Dies.

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