Antigo ministro polaco que foi detido no palácio presidencial inicia greve de fome na prisão

Mariusz Kaminski, detido na terça-feira juntamente com o seu antigo adjunto, diz ser um “prisioneiro político”. Presidente Duda promete “não descansar” até ambos serem libertados.

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Apoiantes do PiS manifestam-se contra a detenção de dois deputados do partido nacionalista EPA/Radek Pietruszka
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O antigo ministro do Interior da Polónia, Mariusz Kaminski, iniciou esta quarta-feira uma greve de fome como “prisioneiro político”, um dia depois de ter sido detido pela polícia no palácio presidencial e enviado para a prisão sob a acusação de abuso de poder.

Os acontecimentos marcam uma mudança dramática nos esforços do novo primeiro-ministro, Donald Tusk, para desfazer as políticas dos seus antecessores, o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), e punir os acusados de irregularidades durante o seu tempo no poder.

O PiS foi acusado de subverter o estado de Direito durante os seus oito anos de governação. O esforço da coligação pró-europeia de Tusk para alinhar a Polónia com as regras democráticas da UE e desbloquear dezenas de milhares de milhões de euros de financiamento abriu um conflito institucional com o Presidente Andrzej Duda, aliado do PiS.

“Declaro que considero a minha condenação como um acto de vingança política”, afirmou Kaminski numa declaração lida por um antigo adjunto, Blazej Pobozy, numa conferência de imprensa em frente ao gabinete do primeiro-ministro.

“Como preso político, iniciei uma greve de fome desde o primeiro dia da minha prisão”.

A polícia entrou no palácio presidencial da Polónia para deter Kaminski e outro dos seus antigos adjuntos, Maciej Wasik, na terça-feira. Os dois políticos permaneceram no palácio depois de terem participado numa cerimónia no início do dia.

Kaminski, deputado do PiS, foi condenado por abuso de poder por ter permitido que agentes sob o seu comando utilizassem uma cilada ilegal no decorrer de uma investigação. Negou ter cometido qualquer infracção e, em 2015, foi perdoado por Duda, o que lhe permitiu assumir o seu cargo no governo.

No ano passado, o Supremo Tribunal declarou que o caso devia ser reaberto e Kaminski e Wasik, que é também deputado do PiS, foram condenados por um tribunal de primeira instância, em Dezembro, a dois anos de prisão.

“Quero dizer claramente que o facto de um político estar na prisão não significa que seja um preso político”, afirmou a vice-ministra da Justiça, Maria Ejchart.

“Toda a gente tem o direito de não comer ou beber, é uma decisão individual”, disse Ejchart, acrescentando: “Numa situação em que uma pessoa está sob os cuidados do Estado, quando alguém é condenado, é sujeito a exames médicos, medições do corpo, como é que o corpo reage à decisão de parar de comer”.

Nesta quarta-feira, Duda disse que “não descansaria” até que Kaminski e Wasik fossem libertados e disse acreditar que o perdão que concedeu aos dois em 2015 estava em conformidade com a Constituição. Os procuradores questionaram se Duda tinha o poder de perdoar Kaminski antes de um tribunal de recurso ter emitido uma decisão final.

Centenas de apoiantes do PiS manifestaram-se na terça-feira em frente ao palácio presidencial e na esquadra de polícia onde os dois foram detidos para protestar contra a sua detenção.