Congresso dos Jornalistas dedica programa cultural ao 25 de Abril
Exposição que reunirá fotógrafos de diferentes gerações e peça inspirada em Saramago são algumas das actividades dedicadas aos 50 anos da revolução que acompanham o congresso de 15 a 17 de Janeiro.
O quinto Congresso dos Jornalistas, que irá decorrer entre 18 e 21 de Janeiro no Cinema São Jorge, em Lisboa, vai ser precedido por um programa dedicado aos 50 anos do 25 de Abril, nos dias 15, 16 e 17.
Com coordenação da jornalista Sofia Branco, da agência Lusa, Portugal Livre integra uma série de actividades culturais de acesso gratuito e que nasceram da "feliz coincidência" de este Congresso dos Jornalistas preceder por poucos meses as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, facto que se traduziu na importância de assinalar esta data, cruzando-a com a instauração da democracia e da liberdade em Portugal, explicou a organização em comunicado.
Numa programação em que se procura "destacar a estreita relação entre o jornalismo e o 25 de Abril", o arranque fica a cargo da exposição de fotografia Portugal Livre 1974-2024, com curadoria do fotojornalista Mário Cruz, que põe em diálogo olhares de diferentes gerações sobre a revolução, o que foi conquistado e o que falta conquistar. A exposição ocupará a Praça dos Restauradores até 15 de Fevereiro e será seguida, no Cinema São Jorge, de uma conversa com fotojornalistas nascidos no pré e no pós-25 de Abril.
Visto de Fora é o título de uma outra exposição de fotografia que tem inauguração marcada para as 17h, no São Jorge, e que apresenta pela primeira vez em Portugal trabalhos dos fotógrafos estrangeiros Ingeborg Lippman e Peter Collis, provenientes dos arquivos jornalísticos da Fundação Mário Soares Maria Barroso.
Ainda no primeiro dia, o São Jorge recebe uma tertúlia sobre o papel dos jornalistas internacionais e portugueses no estrangeiro antes e depois do 25 de Abril, um ciclo de vídeo e documentário, intitulado Cenas de um 25 de Abril Desconhecido (com repetição no dia 17), proveniente do arquivo da RTP, e o lançamento do livro Media e Jornalismo em Tempos de Ditadura. Censura, Repressão e Resistência, coordenado por Pedro Marques Gomes e Suzana Cavaco e editado pela Âncora.
Segue-se um ensaio aberto da peça de teatro A Noite, inspirada na obra de José Saramago e levada à cena pelo Grupo de Teatro de Jornalistas do Norte. Ainda em preparação, este espectáculo, que se estreia a 24 de Abril, servirá de mote a uma conversa com a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, e com os espectadores.
O segundo dia de programação contará com uma intervenção de Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, vinculada ao tema Jornalismo, liberdade e democracia, seguida de um debate com estudantes.
A história e as estórias do Sindicato dos Jornalistas, uma homenagem às mulheres jornalistas e uma reflexão sobre a luta pela igualdade no jornalismo são outras iniciativas previstas para este segundo dia, que incluirá ainda a apresentação de A Hora da Liberdade, ficção documental de 1999 da autoria de Emídio Rangel, Sousa e Castro e Joana Pontes, da SIC.
As actividades prosseguem no dia 17 com a exposição Proibido por Inconveniente, do Arquivo Ephemera, sobre a censura, que contará com uma visita guiada por José Pacheco Pereira, responsável do Ephemera (a mostra fica até 15 de Fevereiro).
Portugal Livre encerra com A Palavra Amordaçada, uma homenagem a quem foi jornalista no tempo da censura e tentou contorná-la para garantir o direito à informação do povo português, que incluirá uma actuação musical de Vitorino Salomé; e com Banda Sonora de uma Revolução, em que o radialista Mário Dias, o primeiro DJ do bar Jamaica, no Cais do Sodré, irá dar a ouvir música de 1974.
O acesso à profissão, a precariedade, as novas fronteiras do jornalismo — onde se incluem as novas abordagens tecnológicas como a inteligência artificial, entre outras — o jornalismo de proximidade, o financiamento do jornalismo e a actual crise no Global Media Group serão alguns dos temas em discussão neste congresso.