PSD vai “alcançar a governabilidade” nos Açores e no país, diz Montenegro

O líder do PSD iniciou o seu último “Sentir Portugal” com uma visita ao arquipélago dos Açores. Diz que o estado social “está pelas ruas da amargura” e defende que o PS quer apagar o passado.

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Luís Montenegro em declarações aos jornalistas na ilha do Pico LUSA/TIAGO PETINGA

O líder do PSD, Luís Montenegro, afirmou esta segunda-feira que o seu partido, com o CDS-PP e o PPM, vai alcançar condições de governabilidade nos Açores e no país e considerou que o estado social está "pelas ruas da amargura".

"O PSD nos Açores, com o CDS e o PPM; o PSD em todo o país nas eleições legislativas, com o CDS e com o PPM, vai alcançar as condições de governabilidade para poder dar aos portugueses, aos açorianos também, as respostas que eles precisam nos seus problemas mais essenciais", disse Luís Montenegro, em São Roque do Pico, nos Açores, onde esta segunda-feira começou o último programa "Sentir Portugal".

As eleições regionais dos Açores, antecipadas devido à dissolução da Assembleia Regional na sequência do chumbo do orçamento para este ano, realizam-se em 4 de Fevereiro. As legislativas nacionais em 10 de Março. Para os dois sufrágios, PSD, CDS-PP e PPM formaram coligação.

Em 2020, o PS venceu as eleições regionais dos Açores, mas perdeu a maioria absoluta, tendo-se formado à direita uma maioria alternativa. PSD, CDS-PP e PPM acabaram por formar governo, com acordos de incidência parlamentar com Chega e IL, que garantiam a maioria absoluta dos votos na assembleia regional.

Questionado sobre o que há de diferente no Chega nos Açores em relação ao Chega do resto do país, que faz com que o PSD veja com bons olhos um acordo de incidência parlamentar como houve no arquipélago, Luís Montenegro contrapôs com a autonomia, depois de salientar haver uma "grande convergência de propósitos" nas propostas governativas quer nos Açores, quer no resto do país.

"Somos pela autonomia regional na Constituição, somos pela autonomia regional também no nosso modo de funcionamento e, portanto, aquilo que acontece nos Açores, acontece com toda a naturalidade", declarou, considerando, contudo, que o arquipélago tem, "neste momento, à sua disposição uma liderança governativa, uma coligação (...), para ganhar uma maioria absoluta, para não estar dependente de nenhuma negociação parlamentar".

À pergunta se os portugueses podem confiar que não fará o que aconteceu nos Açores, declarou: "Podem confiar naquilo que é a palavra daqueles que protagonizam as candidaturas e, naturalmente, que não me passa pela cabeça que as pessoas estejam a pensar, só mesmo alguém que tenha má intenção, que nós dizemos uma coisa e queremos fazer outra".

Antes, confrontado se seria um embaraço para o PSD se fosse encontrada uma solução como nas últimas regionais, tendo em conta que no continente faz questão de dizer que não quer nenhum acordo com o Chega, o presidente social-democrata respondeu negativamente.

"O embaraço é dos açorianos e foi criado pelo Partido Socialista, foi criado pela Iniciativa Liberal, pelo Chega, pelos partidos que colaboraram no sentido de se juntarem para não viabilizar o orçamento da região no último ano deste mandato, coisa que é absolutamente notável", sustentou, destacando ainda os resultados da governação liderada pelo PSD.

Segundo Montenegro, "os Açores estão há 30 meses consecutivos com uma bela taxa de crescimento económico, superior em todos os contextos àquela que o país como um todo foi capaz de conseguir neste período", apontando, também, "um nível de empregabilidade extraordinariamente alto" e "tudo isto alavancado em políticas que, nomeadamente, consagraram uma baixa de impostos de forma generalizada".

Estado social "pelas ruas da amargura"

Luís Montenegro considerou também que o estado social "está pelas ruas da amargura" e acusou dirigentes do PS de quererem apagar o passado.

"O estado social em Portugal, na educação, na saúde, na habitação, está pelas ruas da amargura, pelas mãos da esquerda, pelas mãos do PS e, já agora, também com o contributo do PCP e do BE", afirmou Luís Montenegro.

Depois de apontar a assinatura, no domingo, do acordo de coligação entre PSD, CDS-PP e PPM, que "integra também muitos cidadãos independentes", Montenegro garantiu empenho "em poder dar ao país um governo novo, poder dar ao país a solução para os problemas que o PS deixou ao fim de oito anos de Governo".

Para Montenegro, "quem ouve falar hoje o PS parece que não esteve no Governo, parece que está num momento de assunção de funções governativas", para sublinhar ser o contrário.

"O Partido Socialista governou 22 dos últimos 28 anos e governou também os últimos oito e, no fim dos últimos oito anos de Governo, o que é que nós temos?", perguntou, respondendo: "Um país com mais pobreza", onde "as pessoas ficam às portas das urgências horas e horas à espera de ser atendidas" ou cerca de 1,7 milhões de pessoas não têm médico de família.

Referindo que, este mês, "a meio do ano lectivo, cerca de 40 mil alunos ainda não têm professor, pelo menos a uma disciplina", Montenegro apontou ainda "as lacunas em termos de acesso à habitação", classificando-as de gritantes, e o país, "do ponto de vista económico, quando comparado com aqueles países que têm os mesmos problemas de desenvolvimento", apresentar "níveis de desempenho económico inferiores".

"Quando os dirigentes do PS hoje querem apagar o passado recente e querem dizer que "agora é que vai ser, agora e que vão fazer tudo diferente daquilo que fizeram", o que eu vejo é cada vez mais a necessidade de nós sermos eficazes na transmissão da nossa mensagem, esclarecermos o povo português e mobilizarmos o povo português para uma grande mudança, uma grande mudança no dia 10 de Março", dia das eleições legislativas nacionais, adiantou.

Luís Montenegro iniciou esta segunda-feira na ilha do Pico o último programa "Sentir Portugal" nos Açores, tendo, numa das acções, na Adega Czar, onde é produzido o vinho mais caro do país, brindado às vitórias nos dois sufrágios. Até sábado, o social-democrata vai percorrer as nove ilhas do arquipélago.

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