Aveiro: Requalificação do Rossio custou 20,5 milhões. Uma “exorbitância”, diz o PS

Valor final foi apresentado durante a festa de inauguração e vai muito além do montante da adjudicação.

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A inauguração do novo Rossio foi no domingo Nelson Garrido
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O custo total da obra de requalificação do Rossio e da Ponte-praça, em Aveiro, ascendeu aos 20,5 milhões de euros, ultrapassando largamente os 12,4 milhões de euros da adjudicação. As contas foram apresentadas pelo próprio presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, durante o discurso que proferiu na cerimónia de inauguração, realizada este domingo. Uma “exorbitância”, referem os vereadores do Partido Socialista, que consideram que o projecto conseguiu “comprometer as expectativas de um progresso desejável da urbanidade e simultaneamente diminuir as condições de resposta às incertezas ambientais (pouco auspiciosas) e aos riscos associados”.

Ainda que já existisse a perspectiva de a factura final ultrapassar os 15 milhões de euros – o autarca já tinha deixado esse cenário, há uns meses, numa visita à obra -, só agora os aveirenses tiveram noção do custo total daquela que foi uma das intervenções mais complexas e também mais polémicas dos últimos mandatos autárquicos. O processo arrancou em 2017, com o concurso de ideias, teve um primeiro concurso que foi anulado e só em 2021, após segundo concurso, a obra foi adjudicada. Já do primeiro para o segundo procedimento, o valor base aumentou quase 2 milhões. Agora, explicou Ribau Esteves, foi necessário contabilizar os acertos ao projecto inicial (trabalhos a mais), assim como os efeitos da “crise inflacionista dramática”.

A este número final, a autarquia abaterá cerca de 4,4 milhões de euros, resultantes do apoio dos fundos comunitários e do valor a pagar pelo concessionário do parque de estacionamento subterrâneo. Ainda assim, está em causa “uma exorbitância de recursos”, referem Fernando Nogueira, Rui Carneiro e Rosa Venâncio, não obstante remeterem para mais tarde um comentário mais detalhado às contas, atendendo a que aguardam pela discussão e votação em sede camarária.

Na opinião do presidente da câmara são vários os ganhos trazidos por esta intervenção desenhada pelo gabinete ARX Portugal Arquitectos. “As partes pedonais aumentaram bastante em relação ao que havia, passámos a ter ciclovia dedicada, aumentámos as áreas verdes e temos mais 25 por cento de árvores”, notou o edil, durante o seu discurso naquele que dizia ser “um momento muito especial e um dia muito feliz”. Os automóveis, acrescentou, foram colocados no “seu sítio”, ou seja, num parque subterrâneo com “ventilação natural”, e a criação do Centro de Interpretação do Achado e da História do Rossio, a partir das ruínas da Capela de São João, veio permitir contar “a história” daquele local.

Opinião contrária têm os eleitos do PS, que entendem que a intervenção “reforça o papel atribuído ao automóvel como modo de mobilidade na cidade, inclusivamente no seu centro histórico”, antevendo-se um aumento da “pressão de utilização viária na zona da Lota e na envolvente da Beira-Mar”. Criticam, ainda, o facto de a intervenção “hipervalorizar as funções de atractividade turística, num centro fisicamente atrofiado, em detrimento de funções pré-existentes, da habitação e da vivência do bairro” e também consideram que “a exposição aos efeitos das alterações climáticas é potenciada pela solução de qualificação do jardim, agora praça, do Rossio, e pela decisão de fazer o estacionamento em cave”.

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