A actriz Jodie Foster não se poupa em críticas à “geração Z”. Os jovens desta idade, diz em entrevista ao The Guardian, podem ser “muito irritantes” enquanto colegas de trabalho. “São assim: ‘Hoje não me apetece, vou chegar às 10h30’.” Ainda assim, tece elogios a uma actriz desta geração, Bella Ramsey, que destaca como um novo “vector de autenticidade”.
Foster refere-se aos jovens nascidos entre 1997 e 2012, parte da chamada “geração Z”, que se segue aos “millenials” (1981-96). A actriz não quer fazer críticas destrutivas, mas desabafa que não consegue entender os colegas desta faixa etária. E dá exemplos concretos de atitudes dos “Z”: “Nos e-mails, se lhes digo que algo está gramaticalmente incorrecto, se verificaram os erros, respondem-me: ‘Por que faria isso? Não é limitador?’.”
Ela própria começou jovem no cinema e diz sentir um apelo a ajudar jovens actores a encontrarem o seu caminho porque “foi difícil crescer” até ao sucesso. E aconselha: “Precisam de aprender a relaxar, a não pensar tanto nisso, a criar algo que seja deles. Posso ajudá-los a encontrar isso, o que é muito mais divertido do que ser, com toda a pressão por trás, o protagonista da história.”
Uma das jovens que terá ajudado a encontrar esse caminho é a britânica Bella Ramsey, protagonista de The Last of Us, que conheceu num evento da revista Elle em Los Angeles, dedicado às mulheres, onde, conta, todas as convidadas estavam a usar “saltos e pestanas falsas”. Foster elogia a jovem actriz que foi uma das oradoras: “Há outras formas de ser mulher e é muito importante que as pessoas vejam isso. E a Bela, que fez o melhor discurso, estava a usar um fato perfeito e sem maquilhagem.”
É uma coragem e confiança que ela própria não teria aos 20 anos, confessa. “Não éramos livres. E esperemos que seja isso que o vector de autenticidade que está a acontecer ofereça ─ a possibilidade de uma verdadeira liberdade”, apela.
Aos 61 anos, Jodie Foster, conhecida pelos papéis em O Silêncio dos Inocentes ou Os Acusados, é mãe de dois filhos, que garante serem agora “superfeministas”. Mas nem sempre foi assim e recorda como os meninos achavam que era necessário ser desagradável com as mulheres para se ser um homem “a sério”. E termina, com um aviso: “Não é isso que é ser homem! Isso é o que a nossa cultura nos tem vendido desde sempre.” Talvez a “geração Z” o possa mudar.