Começou por ser uma brincadeira entre quatro amigos que pouco ou nada liam e procuravam algo que lhes fizesse folhear um livro outra vez. Em Maio de 2023, Ben Bradbury, Charlotte Jackson, John Lifrieri e Tom Worcester, juntaram dez amigos num rooftop na cidade de Brooklyn, em Nova Iorque, alguns livros e uma playlist pensada para uma sessão de leitura em conjunto a que chamaram Reading Rhythms.
“Terminei uma hora de leitura e estive com alguns dos meus melhores amigos, que era o que queria fazer de qualquer maneira. Normalmente, isso não acontece”, recordou Ben Bradbury ao The New York Times.
Segundo o jovem, a ideia, que tem juntado cada vez mais pessoas, não é ser um clube do livro, mas antes uma “festa de leitura”. Os convívios só acontecem às segundas-feiras para captar a energia pós fim-de-semana nos terraços, parques e bares de Nova Iorque — e de outros locais onde também acontecem estas festas, como Los Angeles e até na Croácia.
No início de Dezembro, naquele que foi o último convívio do ano à volta dos livros, 65 pessoas pagaram o equivalente a nove euros para entrar num bar em Nova Iorque, lerem uns capítulos e discutirem a história com um desconhecido. Os restantes 270 ficaram a fila para entrar.
No Instagram, onde têm mais de nove mil seguidores, publicam-se fotografias e vídeos das festas, sugerem-se novos livros e marcam-se mais encontros de leitura em Brooklyn e Manhattan para 2024. Em Janeiro e Fevereiro, há festas todas as segundas-feiras a partir das 19h, mas já só existem bilhetes a partir de dia 29 deste mês. Segundo a bilheteira, cada festa custa 18 euros, mas há uma excepção: os bilhetes para 20 de Fevereiro, festa que acontece excepcionalmente à terça-feira, rondam os 92 euros.
Os espaços que os quatro amigos escolhem são decorados com sofás confortáveis, poltronas e cadeiras antigas, velas, uma lareira a crepitar projectada na parede e, por vezes, música ao vivo. Os primeiros 30 minutos são reservados à leitura, depois há meia hora para conversas e, no final, é tempo de pegar novamente nos livros.
Há quem se sente nas poltronas e sofás, quem se deite como se estivesse na sala de casa e até quem prefira ler de pé. Enquanto isso acontece, servem-se cocktails e cerveja.
John Lifrieri, um dos fundadores das Reading Rhythms, recorda uma troca de ideias sobre um livro com Dilvan, uma jovem de 29 anos, e que depressa se alargou para outros temas. A título de exemplo, acabou por descobrir que a rapariga tinha vindo da Turquia para os Estados Unidos porque queria “estudar num clima frio”, onde nevasse.
Nas redes sociais, são vários os vídeos dos convívios e de conversas como as de John e Dilvan. Mas antes de se alargar o tema da conversa, a pergunta é sempre a mesma: o que é que a pessoa do lado anda a ler?