Marcelo alerta para “narrativas” populistas fáceis sobre “gestão de poder”

Presidente da República alertou para o risco de a extrema-direita atingir todo o sistema político e instou as forças políticas tradicionais a debaterem temas como a imigração.

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Marcelo aceitou falar apenas sobre a situação no mundo e perspectivas para 2024 LUSA/JOSÉ COELHO
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Em ano de eleições legislativas e também para o Parlamento europeu, o Presidente da República alertou para o risco de a extrema-direita atingir todo o sistema político e de ser “fácil” criar “narrativas” sobre "gestão ou partilha de poder" mas não sobre futuro, instando as forças políticas tradicionais a debaterem temas como a imigração.

Marcelo Rebelo de Sousa falava, esta sexta-feira, no podcast Expresso da manhã, dedicado em exclusivo à situação global no mundo e às perspectivas para 2024, e que no âmbito do festival de podcasts do jornal, foi excepcionalmente realizado à tarde na Universidade Nova em Lisboa.

Lembrando o seu discurso no 25 de Abril de 2018 quando chamou a atenção para o aparecimento de movimentos inorgânicos na democracia, o Presidente referiu que a eleição dos últimos quatro Presidentes da República franceses aconteceu por uma “coligação negativa” contra a extrema-direita. Essa radicalização, defendeu, nasceu para “dividir a direita clássica” mas depois “caiu em cima da esquerda”, ou seja todo o sistema. "Até quando essa coligação negativa vai aguentar?", questionou.

“Aos partidos de contestação, basta contestar, ninguém pede que venham apresentar soluções”, disse, referindo que esses partidos, sem nunca nomear, começam por ter uma natureza “anti-sistémica, depois sistémica e para depois chegar ao Governo”.

Relativamente à imigração, um dos temas explorados pelos partidos de extrema-direita, o Presidente defendeu que é preciso fazer o debate sobre a questão. Embora considere que em Portugal não haja problemas com a dimensão de outros países, o Presidente considerou que o que interessa é a “narrativa que passa” e que é preciso desmontar.

“Um dia descobrimos que se está em cima das europeias e temas fundamentais não foram debatidos. Não é bom para a Europa. É fácil criar narrativas com os partidos à defesa sobre gestão e partilha de poder mas não sobre futuro”, disse, sem nunca se referir a partidos do espectro nacional.

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