Hezbollah volta a prometer vingança “inevitável” pela morte do vice-líder do Hamas
Líder do movimento xiita do Líbano diz que “a decisão está tomada” e que não responder deixaria o país “exposto” a ataques israelitas.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, voltou a dizer que o assassinato do vice-líder do Hamas num subúrbio de Beirute, na terça-feira, “não ficará sem castigo” e que “a resposta é inevitável”.
No seu segundo discurso num intervalo de poucos dias, Nasrallah afirmou que o Hezbollah não pode deixar de vingar a morte de Saleh Al-Arouri, atribuída a Israel, mas que o Estado hebraico não confirma nem desmente.
“Não podemos permanecer em silêncio relativamente a esta acção porque isso iria expor todo o Líbano a operações das IDF [Forças de Defesa de Israel]”, argumentou. “A resposta é inevitável, a decisão já está tomada. Agora vai é depender de como as coisas se desenrolam no terreno e de Alá”, disse ainda Nasrallah.
Desde 8 de Outubro, o dia imediatamente a seguir ao ataque do Hamas que provocou mais de mil mortos e duas centenas de reféns em Israel, o Hezbollah lançou centenas de rockets para território israelita a partir do sul do Líbano, levando à deslocação forçada de milhares de israelitas do norte do país. As IDF têm retaliado, provocando baixas entre as fileiras do movimento xiita apoiado pelo Irão, mas o ataque em Beirute foi uma novidade no actual conflito.
Saleh Al-Arouri, o vice-líder da ala política do Hamas, há muito exilado no Líbano, estava reunido com outros membros do seu movimento numa casa que foi visada por um drone ou míssil. O apartamento situava-se num bastião do Hezbollah, para quem assassínios levados a cabo em território libanês seriam uma linha vermelha que desencadearia uma resposta forte.
Tal como na quarta-feira, Nasrallah não fez qualquer ameaça específica a Israel, mas afirmou que, na prática, o Hezbollah já está em guerra com Israel no sul do Líbano.
No seu discurso, transmitido na televisão libanesa, Hassan Nasrallah também argumentou que um sucesso militar de Israel em Gaza tornaria o Líbano o próximo alvo dos israelitas. O líder do Hezbollah avisou, no entanto, como já fizera dois dias antes, que entrar em guerra aberta com o seu movimento será “um erro”.
Nasrallah acrescentou que vê neste conflito “uma oportunidade histórica” para o país recuperar territórios libaneses que foram ocupados por Israel durante a guerra de 1967. “Mas qualquer negociação sobre isso só deve acontecer depois de terminada a guerra em Gaza”, afirmou.