Rebeldes assumem compromisso de chegar à paz no Sudão

Comandante das Forças de Acção Rápida diz que quer um acordo que “inclua todas as partes para resolver a crise sudanesa”. Conflito contribuiu para a maior crise humanitária de África.

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O general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido por ‘Hemedti’, líder das RSF SAMIR BOL/Reuters
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As Forças de Apoio Rápida (RSF) sudanesas assumiram, na terça-feira, a vontade de chegar a um compromisso de paz no conflito com o Exército do Sudão que inclua a libertação de mais de 450 prisioneiros e a facilitação do acesso aos deslocados da guerra que, desde Abril de 2023, gerou uma das maiores crises humanitárias de África.

O general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido por ‘Hemedti’, mostrou a sua vontade de concluir um acordo de paz num discurso citado pelo Sudan Tribune: “Queremos uma paz real que ponha fim à guerra e inclua todas as partes para resolver a crise sudanesa.”

Depois de se reunir com as forças civis sudanesas, Hemedti resolveu estender os seus “braços pela paz e o fim da guerra” e incentivou as partes a juntar-se ao acordo, embora tenha acusado o Exército de levar a cabo uma “guerra destrutiva contra instalações fundamentais” e cometer crimes de limpeza étnica contra os civis que acusa de pertencerem às RSF.

Por seu lado, o ex-primeiro-ministro Abdalla Hamdok, derrubado por um golpe de Estado militar em 2022, mostrou-se esperançado que os comandantes do Exército respondam ao apelo para pôr fim à guerra e elogiou a rápida resposta de Hemedti. Para Hamdok, trata-se da “abertura de um caminho” e o “primeiro passo para o fim da guerra”.

As forças em disputa fizeram o anúncio depois de uma reunião na Etiópia em que foi assinada a “Declaração de Adis Abeba”, onde se destaca o compromisso das RSF em criar condições para que a população das zonas afectadas pelos confrontos possa voltar às suas casas. Os prisioneiros serão libertados com a colaboração do Comité Internacional da Cruz Vermelha e as organizações humanitárias terão as garantias necessárias para fazer o seu trabalho e a protecção dos civis.

Além disso, o pacto inclui o estabelecimento de administrações civis para “assegurar o regresso à normalidade a providenciar os bens essenciais aos civis” e a criação de um Comité Nacional de Protecção dos Civis para monitorizar a situação e de uma comissão nacional independente para identificar os responsáveis por crimes, bem como um organismo para “descobrir os factos sobre quem começou a guerra”.

O documento, que deverá receber a luz verde do Exército, também inclui a “total colaboração” com a missão de direitos humanos da ONU e a criação de um Governo “federal, civil e democrático”, formado através de eleições livres e justas, assim como reforma do sector de segurança segundo parâmetros reconhecidos internacionalmente.

O conflito que opõe o Exército sudanês às RSF estalou a 15 de Abril depois de grandes discrepâncias sobre a integração do grupo paramilitar nas Forças Armadas, tendo feito descarrilar o processo de transição aberto depois da queda do ditador Omar al-Bashir, ao fim de 30 anos no poder.

Conflito atrás de conflito levou a quase sete milhões de deslocados e mais de 1,5 milhões de refugiados e esta última guerra retroalimentou-se com um histórico conflito intercomunitário na região do Darfur, onde, dizem organizações não-governamentais, se têm cometido constantes atrocidades desde Abril.

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