Bela Noia ao vivo, com “canções alegres para pessoas tristes, ou o contrário”
Os viseenses Bela Noia entram em 2024 com uma série de concertos para apresentar o seu álbum de estreia, Os Miúdos Estão Bem. O primeiro é no Bang Venue, em Torres Vedras.
Três meses passados sobre a publicação do seu álbum de estreia, Os Miúdos Estão Bem, os Bela Noia lançam-se aos palcos, a mostrar como ele soa. A primeira apresentação é já este sábado, 6 de Janeiro, no Bang Venue de Torres Vedras, às 22h30. Na agenda, seguem-se os Maus Hábitos do Porto (dia 28, 21h) e de Vila Real (dia 27), o Honey Sessions em Lisboa (10 de Fevereiro, aqui com Pedro Vieira a solo), a Casa do Artista Amador em Famalicão (22 de Março), o BOTA em Lisboa (10 de Maio) e o Teatro Viriato em Viseu (28 de Junho).
Projecto do músico viseense Pedro Vieira, os Bela Noia produziram e gravaram este álbum no espaço de um mês. E o mais curioso é que o fizeram ainda sem uma formação definida e sem sequer terem nome de banda. Isso só surgiu depois, quando entenderam dar às canções forma de disco e aos músicos que as gravaram uma identidade de grupo.
Foi assim, já como Bela Noia, que lançaram um primeiro single em Abril de 2023, Para quê voltar, seguindo-se-lhe Paranóia, em Julho, e nos primeiros dias de Setembro Canção da Lua, uma semana antes de publicarem o disco no seu todo. O que veio a suceder no dia 15 de Setembro, quando, a par da publicação de Os Miúdos Estão Bem, lançaram os três restantes temas em single: No mesmo lugar, Já não tenho chão e Tu foste o Sol. Todos, tal como os anteriores, com videoclipe.
“Isto surge de uma vontade, que já me era antiga, de criar música e fazer textos, numa base de experimentação”, explica Pedro Vieira ao PÚBLICO. “Comecei por escrever e só depois peguei na guitarra para compor. Nesse processo, conheci o Gongon [Gonçalo Alegre] e senti que era a pessoa ideal para desenvolver estas músicas e ajudar-me a terminá-las.” Esse trabalho a dois levou-os a pensar noutros músicos, para dar corpo às sonoridades que iam criando. “Lembrei-me do Miguel [Rodrigues], que já tinha conhecido entretanto, mas nunca tinha tido oportunidade de fazer nada com ele, e as coisas começaram a surgir com essa naturalidade.”
Mas, na verdade, tudo aquilo se encaminhava para quê? Para gravar um disco? Para criar uma banda? E é dessa interrogação que acabam por nascer ambos: primeiro o disco, depois a banda e o nome. “Obviamente, estávamos a fazer uma coisa séria, mas não sabíamos qual seria a definição do que estávamos a fazer”, diz Pedro. O nome Bela Noia veio daí. “São as coisas belas que nascem num momento caótico ou nalgum momento menos organizado, vá lá.”
Já o nome do disco, Os Miúdos Estão Bem, é mais antigo: “Essa frase chegou-me e ficou-me na cabeça”, recorda Pedro. “E na altura de dar nome ao disco foi a primeira de que me lembrei, precisamente pelo carácter irónico que essa frase sugere. Costumo dizer que estas são canções alegres para pessoas tristes, ou o contrário. Mas as músicas não são tão tristes quanto isso, acho até que transmitem uma sensação de nostalgia, um caminho para a esperança, mas com muita coisa para ultrapassar. Não podemos dizer que estamos todos bem, a verdade é essa.”
O que inspira, musicalmente, os Bela Noia? Pedro Vieira diz gostar “muito de canções simples mas que não são assim tão simples, canções mais subtis”. E aponta André Henriques, dos Linda Martini e agora também a solo, com uma forte inspiração. “Gosto muito dos elementos que ele apresenta na música e é também um letrista que me deixa muito surpreendido. Até tive de me habituar à maneira de escrita dele, mais à selecção de palavras. Mas são estranhezas, caminhos que ele escolhe, opções estéticas que surpreendem, minimalistas a algo complexas.” Além de André Henriques, Pedro diz que ouve de tudo. Mas cita em particular os Idles (“que vou ver em Fevereiro, é uma banda que eu adoro”) ou “coisas mais punk, mais noise”.
Os Bela Noia, que só se tornaram uma banda depois do disco estar pronto, são: Pedro Vieira (voz e guitarra), Leonardo Outeiro (guitarra), Gonçalo Alegre (baixo), Miguel Rodrigues (bateria e percussão). Mas nas gravações contaram ainda com Teresa Melo Campos (das Sopa de Pedra), Mariana Machado, Hugo Cardoso e Daniela Castro nos coros. As letras e músicas de Os Miúdos Estão Bem são de Pedro Vieira, com arranjos e produção de Gonçalo Alegre.