Mercado automóvel cresceu 26% em 2023 e mais de metade das vendas são energias alternativas

Portugueses compraram mais 50 mil veículos do que em 2022. Tesla entrou para o top 10 e já vende mais ligeiros de passageiros do que Citroën, Seat e Opel. A Peugeot manteve a liderança nacional.

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Tesla, só com veículos eléctricos, saltou do 18.º para o 8.º lugar das marcas mais vendidas em Portugal em 2023 Reuters/CARLOS BARRIA (arquivo)
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A Peugeot segurou a liderança no mercado nacional em 2023, ano que registou um crescimento de 26,1% e em que as chamadas "energias alternativas" ultrapassaram os 50% de quota de mercado.

No reino das marcas, a Tesla é a que melhor reflecte a viragem na preferência dos consumidores. A fabricante norte-americana de veículos eléctricos, que não gasta dinheiro em publicidade, galgou dez posições na tabela nacional de vendas, saltando da 18.ª de 2022 para a 8.ª posição em 2023.

A marca de Elon Musk vendeu 3,5 vezes mais carros em Portugal do que em 2022, sendo por isso líder destacada nos eléctricos. Um desempenho que até contrasta com o panorama mundial, visto que, no último trimestre de 2023, a chinesa BYD ultrapassou a Tesla em termos mundiais, graças sobretudo às vendas no mercado chinês, segundo os dados internacionais.

Embora a MG, hoje em dia em mãos chinesas, apresente a maior taxa de crescimento em Portugal (mais 352%), só vendeu 1080 unidades, ao passo que a Tesla vendeu 9329 em Portugal. Já vende mais do que marcas com muitos anos de presença no país, como Citroën, Seat e Opel, aproximando-se cada vez mais dos líderes mundiais Volkswagen e Toyota (sexto e sétimo na tabela nacional, respectivamente).

Ainda no ranking das marcas, o top 5 de 2023 é igual ao de 2022. A Renault mantém o segundo lugar, seguida da Mercedes, da Dacia e da BMW. A Volkswagen ganhou duas posições, para o sexto lugar, ultrapassando Toyota, que perde um, e Citroën, que perde dois.

Segundo os dados divulgados esta terça-feira pela ACAP - Associação Automóvel de Portugal, em 2023 foram registadas 236.053 novas matrículas. São mais 50 mil veículos do que os 185 mil de 2022.

A maioria (85%) dos 236 mil carros registada em 2023 é de ligeiros de passageiros. Os ligeiros de mercadorias representam 12% e o mercado de veículos pesados corresponde aos restantes 3%.

Na comparação homóloga, o mercado cresceu em 2023 bastante acima do que os 2,8% em 2022 face a 2021. Contudo, mesmo assim o volume de vendas continua distante da pré-pandemia. Em 2019, tinham-se vendido 267 mil unidades, mais 31 mil do que em 2023.

Segundo a ACAP, as energias alternativas (eléctricos, híbridos recarregáveis e convencionais, GPL e outros) já são mais de metade das novas matrículas.

"De Janeiro a Dezembro de 2023, 51,9% dos veículos ligeiros de passageiros matriculados novos eram movidos a outros tipos de energia, nomeadamente eléctricos e híbridos. Em particular, verifica-se que 18,2% dos veículos ligeiros de passageiros novos eram eléctricos", diz a associação que representa quer a produção quer o comércio de automóveis em Portugal.

Face a 2022, esta quota de mercado cresceu mais de dez pontos percentuais, já que se situava nos 40,5%. Os eléctricos valiam 11,4% do mercado em 2022 e agora representam 18,2%.

Os híbridos convencionais (não recarregáveis) perderam um pouco de quota de mercado, baixando dos 15,4% para 14,5%; os híbridos recarregáveis ganharam (de 10,3% para 13,6%) e os outros (como o GPL) também aumentaram a quota, de 3,5% para 5,6%.

Apesar de ter sido um ano de crescimento, nem todas as marcas presentes em solo nacional tiveram um ano positivo. Comparando os últimos dois anos, há três marcas históricas que registam perdas: Hyundai, Fiat e Honda. Estas são acompanhadas por outras marcas consagradas do mercado de luxo, como Bentley, Rolls Royce, Maserati ou Jaguar, todas elas com evolução anual negativa em termos homólogos.

Em termos de combustível, os motores a gasóleo ainda representavam 18% do mercado de ligeiros de passageiros em 2022 e continuam em perda. Em 2023, já só representam 12%. Também a gasolina interrompeu o ciclo de crescimento que vinha registando nos últimos anos, baixando dos 41,6% para os 36,1% de quota (sensivelmente a mesma que tinham em 2021).

Quanto aos dados mensais, o mercado total cresceu 11,3% em Dezembro, para 20.833 unidades, e o mercado de ligeiros de passageiros cresceu 11,1%, para 16.635 novas unidades.

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