Dizem que é a mais alta turbina eólica de madeira. Já funciona na Suécia

Projecto da Modvion aposta num sistema modular, de fácil transporte. Com torre de madeira — e não de aço, como é comum — surge uma forma de descarbonizar os instrumentos de produção de energia eólica.

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Do início da torre até às pás da turbina, a invenção da Modvion mede um total de 150 metros David Olivegren
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Por fora, parece uma turbina eólica como qualquer outra (embora a altura, um total de 150 metros, salte à vista). Mas por dentro — e para o ambiente — esta turbina é significativamente diferente. À BBC, a startup sueca Modvion, responsável pelo projecto, frisa que o futuro da energia eólica — uma das formas mais baratas de produzir energia limpa — está no uso da madeira.

O processo começa com o inevitável corte de árvores — cada turbina precisa de 200. Mas a startup alega que assegura a circularidade da operação. Sempre que umas são colhidas, outras são plantadas. Daqui, a madeira segue para a fábrica, algures nos arredores de Gotemburgo, cidade sueca.

À semelhança da conterrânea IKEA, a Modvion aposta no sistema modular — as peças só são ligadas, através de acessórios de aço, no local de instalação, o que descomplica o actual sistema de transporte. “É a nossa receita secreta”, regozija David Olivegren, co-fundador da empresa (e em tempos arquitecto e construtor de barcos). Segundo a empresa sueca, que reclama ter construído na Suécia a torre de turbina de madeira mais alta do mundo, a utilização da madeira na produção de energia eólica é o futuro.

A Modvion aposta no sistema modular, pelo que as peças de madeira só são ligadas, através de acessórios de aço, no local de instalação Paul Wennerholm
Durante o processo de colagem e compressão, são usadas 144 camadas de madeira de abeto, todas com três milímetros de espessura MODVION
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A Modvion aposta no sistema modular, pelo que as peças de madeira só são ligadas, através de acessórios de aço, no local de instalação Paul Wennerholm

Durante o processo de colagem e compressão das 144 camadas de madeira de abeto, todas com três milímetros de espessura, é também possível controlar a resistência e a flexibilidade das paredes, consoante os tipos de grão escolhidos (estes variam conforme a disposição das fibras da madeira).

Regra geral, as torres das turbinas tradicionais são feitas de aço, material que apesar de durável, é pouco sustentável. Ao depreender o funcionamento de fornos em altas temperaturas e a queima de combustíveis fósseis, a produção de aço fomenta as emissões de dióxido de carbono (CO₂), gás inimigo da mudança climática que a própria turbina eólica propõe.

Outro inconveniente das turbinas com torre de aço é o transporte das enormes peças de metal. Maximilian Schnippering, director de sustentabilidade da Siemens Gamesa, uma das maiores empresas de turbinas eólicas do mundo, percebe a “vantagem” do modelo modular, mas frisa que o aumento do número de peças pode conduzir ao aumento de número de veículos, pessoas e horas despendidos no processo. É certo que o sistema por peças não funcionaria no seu modelo de negócio (o esforço necessário para aparafusar peças de aço aumentaria os custos e manutenção das turbinas).

Mas enquanto a Siemens Gamesa está a apostar na redução da pegada de carbono no aço utilizado, as turbinas eólicas com torres de madeira já depreendem uma pegada ecológica negativa. Ao crescerem, as árvores retiram o dióxido de carbono da atmosfera, gás que só expelem em casos de incêndio e apodrecimento — mesmo quando cortadas, as árvores têm a capacidade de reter o CO₂.

A grande altura da nova turbina eólica é também um factor preponderante, já que quanto mais altas, maior é a captação dos ventos mais fortes. “Como a madeira é mais leve [do que o aço], é possível construir turbinas mais altas com menos material”, explica Olivegren à BBC.

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A startup sueca espera conseguir produzir 100 modelos ao ano a partir de 2027 Paul Wennerholm

Mas apesar de ser já responsável pela turbina com a torre mais alta do mundo, a Modvion não quer parar por aqui — e adianta o desejo de vir a bater o seu próprio recorde. “A indústria quer construir turbinas com 300 metros. Com a modularidade, é possível”, declara Otto Lundman.

De acordo com o director executivo da Modvion, a indústria de turbinas eólicas produz 20 mil turbinas por ano. Quanto ao futuro da startup, espera-se que até 2027 esta já seja capaz de produzir cem turbinas de madeira ao ano, número a ser aumentado. “A nossa ambição é que, dentro de dez anos, 10% dessas turbinas — cerca de 2000 — sejam de madeira”, partilha.

Um dos grandes investidores da Modvion é a Vestas, uma grande empresa na indústria da energia eólica.

(Artigo actualizado a 3 de Janeiro às 10h25)