Em Portimão, o Sporting soube meter o Rossio na rua da Betesga
O jogo frente ao Portimonense não foi bonito, mas os “leões” acabaram por conseguir um bilhete para o “autocarro” algarvio. Gyokeres e Paulinho foram decisivos.
Entre o Rossio e a praça da Figueira, em Lisboa, há uma rua curta e estreita que não permite grandes aventuras a multidões. Esta viela, parca em espaço, é a Betesga e a sabedoria popular diz-nos que não se pode lá colocar a praça do Rossio. E foi uma rua desse tipo que o Sporting encontrou neste sábado, em Portimão.
No triunfo (2-1) frente ao Portimonense, os “leões” enfrentaram uma equipa com um autêntico “autocarro” estacionado numa “rua” bem pequena. Com quase todos os jogadores bem próximos da própria área, a equipa algarvia tentou vedar os caminhos ao Sporting, mas cedeu depois de 80 minutos de futebol.
Valeram Gyokeres e Paulinho, que, apesar da reduzida produção ofensiva, deram nexo a um resultado que chegou a parecer inusitado.
Defesa, defesa, defesa
As tendências estatísticas do Portimonense na I Liga dizem-nos que é a equipa que mais remates, cruzamentos e passes longos permite aos adversários e a que mais tempo passa no seu terço do campo. “Trocado por miúdos”, é uma equipa habituada a jogar em bloco baixo. Se a este hábito juntarmos um duelo frente ao Sporting temos um “cocktail” difícil de contornar: havia jogo para “autocarro”.
A equipa algarvia “estacionou” dois veículos longos em redor da sua área e, com onze jogadores atrás da linha da bola, preocupou-se em ter a linha defensiva, de cinco jogadores, bem próxima da linha de quatro médios.
A ideia era retirar ao Sporting o espaço entre linhas, já que o controlo da profundidade – que não existia – e da largura – que a linha de cinco controlava – já estava garantido.
Para este tipo de jogo pede-se capacidade de usar apoios frontais para arrastar os defensores para longe da sua zona, aplicando, depois, diagonais com jogadores vindos de trás.
O problema, para o Sporting, é que os centrais do Portimonense nunca se deixaram arrastar – o que não criava espaço para explorar, mas sugeria, por outro lado, que um jogador mais capaz entre linhas pudesse prosperar – como Pote, que estava no meio-campo, ao lado de Morita, longe dessa zona.
Ao fim de 45 minutos, pouco se passou a nível de oportunidades de golo, apesar de um autêntico “acampamento” no meio-campo do Portimonense.
Paulinho decisivo
Para a segunda parte, Amorim chamou Quaresma, que tentou dotar a equipa de predicados diferentes a nível técnico – vendo o jogo de frente, era alguém capacitado para esse labor. E o Portimonense cedeu aos 59’.
Jogar em permanente processo defensivo é algo confortável em termos de plano de jogo – por ser uma tarefa unidimensional –, mas é problemático no sentido em que o desgaste mental de defesa permanente pode resultar numa pequena desconcentração.
Foi o que aconteceu quando uma bola de Pote permitiu a Gyokeres aparecer de forma sagaz nas costas da defesa algarvia e desviar para golo – um dos centrais do Portimonense leu mal o lance e o outro confiou na abordagem do colega.
A equipa “leonina” queria controlar o jogo em posse, mas uma bola parada, aos 69’, deu a Relvas a possibilidade de cabecear com sucesso.
Fazia sentido? Nem por isso. Mas o nexo ainda importa pouco no futebol. o jogo voltou ao que tinha sido durante uma hora: empate no marcador, Sporting a jogar e Portimonense a sobreviver. Até aos 80’.
Um cruzamento de Morita encontrou o calcanhar de Paulinho, mas a bola ainda contou com o desvio de um adversário antes de entrar na baliza.
Como já aconteceu mais do que uma vez, o Sporting permitiu a uma equipa que pouco atacou conseguir criar lances de perigo na parte final do jogo. Desta vez, correu bem.