Pedro Costa, Téchiné ou Kaurismaki pedem “fim imediato” de violência em Gaza

Grupo de cineastas de todo o mundo apela ao cessar-fogo, à libertação de reféns e à criação de corredores humanitários.

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Manifestação no Iémen a favor dos cidadãos na Faixa de Gaza Reuters/KHALED ABDULLAH
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Um grupo de cineastas de todo o mundo, que incluem o realizador judeu Nadav Lapid ou o português Pedro Costa, bem como nomes incontornáveis como os de André Téchiné ou Claire Denis, uniu-se quinta-feira num apelo ao cessar-fogo em Gaza. “Um novo episódio de chacina e crueldade” que, pedem num texto publicado no diário francês Libération, tenha um “fim imediato”, escrevem Walter Salles, Aki Kaurismaki, Wang Bing ou Christian Petzold.

“A terrível violência de 7 de Outubro mergulhou israelitas e palestinianos num novo episódio de chacina e crueldade”, explicam os realizadores na missiva. “Um massacre de proporções extremas está a ocorrer actualmente em Gaza, matando milhares de mulheres e crianças e destruindo as condições mínimas de sobrevivência de todo um povo. Exigimos o fim imediato dos bombardeamentos em Gaza, a criação de corredores humanitários e os meios materiais exigidos por todas as organizações internacionais, bem como a libertação dos reféns.”

Os signatários da carta recuperam ainda um texto lido em Paris no dia 2 de Dezembro pelo cineasta Avi Mograbi e publicado originalmente no diário israelita Haaretz em Setembro de 1967, co-assinado por Shimon Tsabar, Haim Hanegbi, Rafi Zichroni, David Ehrenfeld, Uri Lifschitz, Arié Bober, Dan Omer, Moshé Machover, Schneour Sherman, Raif Elias, Eli Aminov e Yehuda Rozenstrauch. Como prelúdio dessa citação de 1967, os subscritores da carta consideram que “os israelitas previram esta situação dramática há mais de 50 anos”.

O texto lido por Avi Mograbi é o seguinte: "O nosso direito de nos defendermos do extermínio não nos dá o direito de oprimir os outros. A ocupação leva à dominação estrangeira. O domínio estrangeiro leva à resistência. A resistência leva à repressão. A repressão leva ao terrorismo e ao contra-terrorismo. As vítimas do terrorismo são geralmente pessoas inocentes. A ocupação dos territórios ocupados transformar-nos-á em assassinos e assassinados. Saiamos já dos territórios ocupados!”

“Também nós partilhamos hoje estas palavras”, dizem Nadav Lapid, Pedro Costa, Aki Kaurismaki, Wang Bing, Béla Tarr, Apichatpong Weerasethakul, Victor Erice, Radu Jude, Abderrahmane Sissako, Ryusuke Hamaguchi, Walter Salles, Claire Denis, Robert Guédiguian, Kiyoshi Kurosawa, Laurent Cantet, Claire Simon, Cédric Kahn, André Téchiné, Corneliu Porumboiu, Jia Zhangke, Mahamat-Saleh Haroun, Anand Patwardhan, Ira Sachs, Nobuhiro Suwa, Arthur Harari, Philippe Faucon, Patricia Mazuy, Kiyoshi Kurosawa, Rithy Panh, Lav Diaz e Christian Petzold. O número original de 31 signatários está entretanto a crescer num documento partilhado no Google e ao qual o PÚBLICO teve acesso, incluindo agora também os nomes de Nicolas Wackerbarth, Arnaud Des Pallières, Hassan Fehrani, Sylvain George, Karim Moussaoui, John Gianvito, Mark Cousins, Adoor Gopalakrishnan, Hicham Lasri, Eléonore Weber, Mohsen Makhmalbaf, Lam Lê, Emilie Deleuze, Bette Gordon, Simone Bitton, Maren Ade, Tan Chuimui Clotilde Courau e Partho Sen-Gupta.

Estima-se que o Hamas tenha matado 1200 pessoas e feito 240 reféns no seu ataque transfronteiriço de 7 de Outubro e que desde então a retaliação israelita tenha causado a morte a mais de 21 mil palestinianos.

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