Cerca de 36% dos portugueses ainda não sabem em quem votar
A primeira sondagem com Pedro Nuno à frente do PS dá uma vitória ao seu partido, mas com um bloco da direita superior à esquerda, retirado o PAN da equação porque pode fazer acordos dos dois lados.
A primeira sondagem feita após Pedro Nuno Santos ser eleito secretário-geral do PS — da Intercampus para o Jornal de Negócios/Correio da Manhã/CMTV — revela que cerca de 36% dos inquiridos ainda não sabem em quem votar nas eleições antecipadas de 10 de Março.
Entre os 611 portugueses questionados, 18,3% ainda não sabem sequer se votarão — mas destes, 20% sabem quem escolheriam caso votassem — e 18% dizem que fá-lo-ão, mas que ainda não decidiram em quem. Ainda, 4% dos inquiridos já decidiram o seu voto, mas não quiserem revelá-lo à empresa de sondagens.
O elevado número de indecisos face às próximas eleições legislativas tem sido evidenciado em vários estudos de opinião desde que foi anunciada a demissão do Governo e a dissolução do Parlamento.
A sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO/RTP, feita entre os dias 15 e 24 de Novembro, também evidenciava a expressão dos indecisos: 22% — o maior grupo —, face a 20% das intenções directas de voto para o PS e o mesmo valor para o PSD. Outra sondagem, realizada entre 18 e 27 de Novembro pelo ICS-ISCTE para o Expresso/SIC, revelava haver tantos indecisos (17%) como eleitores do PSD (18%) e do PS (22%).
PS à frente, direita com mais deputados
O inquérito da Intercampus para o Jornal de Negócios/Correio da Manhã/CMTV — que foi realizado entre 18 e 21 de Dezembro, pelo que a Aliança Democrática, entre PSD e CDS, ainda não era uma opção — coloca a CDU com apenas 2,3%, logo abaixo do Livre (2,9%) e do PAN (3%); em último lugar fica o CDS (que não irá a eleições sozinho), com 1,6%.
Somando as intenções de voto dos decididos e do mais provável voto dos indecisos, o PS lidera a sondagem com 25,4%, seguido do PSD com 22,5% (se se somar o resultado do CDS ascende ao 24,1%).
Em terceiro lugar segue o Chega, com 11,6% das intenções de voto, e em quarto lugar o Bloco de Esquerda, com 8,8%. Em quinto lugar está a IL, que reúne 6,6% das intenções de voto dos portugueses.
Somados os blocos de direita e de esquerda, conclui-se que o primeiro reúne 42,3% dos votos e o segundo 39,4% — excluindo o PAN da equação, que tanto pode fazer acordos à esquerda como à direita, como fez na Madeira, pelo que existem 3% dos votos eventualmente disponíveis para qualquer futura maioria no Parlamento.
Note-se, porém, que o PSD recusa qualquer possibilidade de acordos com o Chega, pelo que, despida do seu apoio, a direita fica com 30,7% dos votos, muito atrás da esquerda toda junta.
Por fim, a sondagem aponta que o Chega é o partido que colhe mais rejeição pelos portugueses — com mais de metade dos inquiridos a escolhê-lo como aquele em que jamais votaria. Segue-se o PS, com 17,5%, e a CDU, com 17,3%.
O trabalho de campo deste barómetro da Intercampus decorreu entre 18 e 21 deste mês, com 611 entrevistas através de telefone fixo. O erro máximo da amostragem para um intervalo de confiança de 95% é de 4%. A taxa de resposta foi de 62,3%.