Autor do tiroteio em Praga cometeu mais três homicídios
Estudante da faculdade onde protagonizou o ataque associado à morte do pai, de um homem e de um bebé. Sábado é dia de luto nacional na República Checa.
O atirador que na quinta-feira matou 14 pessoas numa faculdade da Universidade Carolina, em Praga, suicidou-se no telhado quando se viu rodeado pela polícia. É suspeito de ter cometido outros três homicídios antes do ataque e as autoridades ainda estão a tentar perceber o que o levou a estas acções.
O homem de 24 anos, que estudava na mesma faculdade em que protagonizou o tiroteio, estava fortemente armado e parece ter disparado indiscriminadamente. Entre os mortos e feridos estão mulheres e há três estrangeiros hospitalizados: um neerlandês e dois cidadãos dos Emirados Árabes Unidos.
A polícia divulgou novos detalhes sobre o tiroteio numa conferência de imprensa esta sexta-feira. Tudo se passou em pouco mais de 20 minutos. Às 14h59 (menos uma hora em Lisboa), as autoridades foram alertadas de que estava em curso um ataque com arma de fogo na Faculdade de Artes, mesmo no centro de Praga. Às 15h11, o homem foi avistado numa varanda do edifício, junto ao telhado, com uma espingarda de longo alcance. E às 15h20 matou-se, ao ver-se rodeado por agentes.
A polícia também difundiu um vídeo com alguns momentos da operação que envolveu mais de 220 agentes. Nele vê-se, entre outras coisas, um corpo no telhado e vítimas a serem assistidas em salas de aulas.
“Ele ficou com uma metralhadora que não tem longo alcance e, como estávamos a aproximar-nos da varanda, decidiu morrer por suicídio”, disse Petr Matejcek, director da polícia regional de Praga, na conferência de imprensa. Matejcek confirmou igualmente a informação que já na quinta circulava de que o suspeito matou o pai na região de Kladno (arredores de Praga) antes de se dirigir à capital checa.
Já durante a tarde, as autoridades confirmaram que uma arma encontrada na casa do homem foi a mesma usada no homicídio de um homem e da sua filha recém-nascida, a 15 de Dezembro, na floresta de Klanovicky, também nos subúrbios da cidade.
“Falar de motivos não é fácil neste tipo de crimes. Não temos uma prova específica ou informação sobre porque é que decidiu fazer algo tão terrível”, disse à BBC o ministro do Interior checo, Vit Rakusan, que ordenou uma presença policial reforçada em locais um pouco por todo o país. “Não temos informação sobre ameaças concretas. Este é um sinal de que estamos aqui e preparados”, escreveu a conta oficial da polícia na X (antigo Twitter). Na mesma rede social, as autoridades anunciaram a detenção de um homem que ligou a dizer que queria imitar o atirador de quinta-feira.
Embora a polícia não tenha identificado formalmente o atirador, os media checos dizem que se trata de David Kozak, um estudante considerado excelente e sem antecedentes criminais. O seu nome tinha sido divulgado pelas autoridades antes do tiroteio porque um amigo tinha alertado a polícia de que Kozak se preparava para se suicidar num dos edifícios da Faculdade de Artes. Esse edifício foi evacuado, mas o atirador dirigiu-se a outro e, por isso, o ataque não pôde ser evitado.
A polícia foi acusada de ter reagido com lentidão, mas o ministro do Interior defendeu-a de críticas, alegando que a informação de que dispunham era de que o homem tinha intenções suicidas e não homicidas.
Junto aos edifícios da Universidade Carolina foram dezenas as pessoas, incluindo o primeiro-ministro, Petr Fiala, que quiseram prestar homenagem às vítimas, acendendo velas ou depositando flores. Para sábado, dia em que será celebrada uma missa na catedral em memória dos mortos, foi decretado um dia de luto nacional.