Rendas sofrem quebra ligeira, mas continuam em níveis históricos
O valor mediano das rendas fixou-se em 7,25 euros por metro quadrado no terceiro trimestre, período em que foram celebrados mais de 23 mil novos contratos de arrendamento em Portugal.
Os valores das rendas habitacionais voltaram a sofrer uma ligeira quebra, a segunda correcção trimestral registada neste ano, mas mantêm-se em níveis historicamente elevados. No terceiro trimestre, o valor mediano das rendas voltou a ser superior a sete euros por metro quadrado, mas, neste período, e contrariando a tendência dos trimestres anteriores, o número de novos contratos celebrados aumentou, ultrapassando os 23 mil.
Os dados foram publicados, nesta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, no terceiro trimestre deste ano, o valor mediano das rendas relativas aos novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares fixou-se em 7,25 euros por metro quadrado. Este valor corresponde a uma subida de 10,5% face a igual período do ano passado, mantendo-se a tendência de subidas anuais a dois dígitos que se tem verificado ao longo de 2023, mas representa uma queda de 0,3% em relação ao segundo trimestre deste ano.
Este foi o valor apurado pelo INE tendo em conta os 23.717 novos contratos de arrendamento que foram celebrados entre Julho e Setembro deste ano, número que representa uma quebra de 2% em relação a igual período do ano passado, mas um aumento superior a 14% face ao trimestre anterior.
O movimento de encarecimento das rendas continua a ser transversal a quase todo o país. No terceiro trimestre, só em duas das 25 regiões analisadas pelo INE se registou uma quebra anual do valor das rendas: Alto Tâmega, onde o valor mediano caiu em 2,2%, e Alto Alentejo, onde se verificou uma queda de 9,3%. Já o maior aumento, próximo de 26%, registou-se na Região Autónoma dos Açores, seguindo-se a região do Cávado, com uma subida de 18% das rendas.
A Área Metropolitana de Lisboa, por seu lado, continua a ser a região mais cara do país para arrendar casa, com os preços a aumentarem 12,5%, para um valor mediano de 11,40 euros por metro quadrado. Já a Área Metropolitana do Porto ultrapassou, pela primeira vez desde que há registos, os valores do Algarve e tornou-se a segunda região mais cara do país para arrendar casa, com um aumento de 12,4%, para um valor mediano de 8,22 euros por metro quadrado, enquanto no Algarve as rendas aumentaram em 7,4% e fixaram-se em 8,03 euros por metro quadrado.
Preços sobem mais nas grandes cidades
Os preços mantêm-se significativamente mais elevados nos maiores centros urbanos, onde as rendas continuam a aumentar a um ritmo mais acelerado do que no resto do país, apesar de já se verificar uma desaceleração na maioria deles.
No terceiro trimestre, destaca o INE, as rendas aumentaram em todos os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes e, em 18 destes, a variação anual da renda mediana por metro quadrado foi superior ao aumento verificado a nível nacional. Destacam-se os municípios de Setúbal, onde as rendas aumentaram em mais de 23% e se fixaram num valor mediano de 9,38 euros por metro quadrado, e Lisboa, onde se verificou uma subida de quase 21%, para um novo recorde de 15,79 euros por metro quadrado.
Já no município do Porto, as rendas aumentaram em quase 17% e fixaram-se num valor mediano de 11,66 euros por metro quadrado no terceiro trimestre. Por outro lado, os aumentos menos acentuados nos grandes municípios verificaram-se em Leiria e Guimarães, ambos com subidas em torno dos 6%.
Ainda assim, ressalva o INE, "houve uma desaceleração do valor das rendas medianas" em 13 destes 24 municípios durante o terceiro trimestre deste ano, um cenário que já se tinha verificado para dez destes municípios no trimestre anterior.