Helena Caspurro lança Massaiá, um álbum que é “uma partilha de vida”
Quarto álbum da cantora, compositora e também professora Helena Caspurro, Massaiá é lançado esta quinta-feira com um concerto na Universidade de Aveiro, às 21h30.
Foi no jazz que ouvimos falar dela pela primeira vez, antes de se dedicar à investigação e ao ensino universitário, mas sempre com ligações à música. Falamos de Helena Caspurro, cantora, compositora e também professora auxiliar no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. Lançou um primeiro disco em 2003, um EP intitulado Mulher Avestruz, a que se seguiram dois álbuns: Colapsopira (2009) e Paluí (2013). Passados dez anos dessa última gravação, está de volta aos discos com Massaiá, que, tal como os anteriores, não é apenas um somatório de canções mas um projecto sonoro, literário, gráfico e videográfico.
Esta quinta-feira, no mesmo dia em que é lançado nas plataformas digitais, vai ser apresentado no Auditório CCCI, Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, às 21h30. Estreia-se também hoje o videoclipe da canção-título, com desenhos de Francisco Providência e design e caligrafias de Pedro Carvalho de Almeida, essencial em todo este trabalho.
Massaiá, onde todas as nove músicas são da autoria de Helena Caspurro (que assina sete das letras, sendo um dos temas, o que fecha o disco, apenas instrumental), é a primeira parte de um díptico, que se completará com um segundo álbum no último trimestre de 2024. As canções incluídas em ambos (algumas do segundo já estão escritas) terão, entretanto, complementos videográficos, que explorarão “as possibilidades criativas, narrativas e expressivas, conseguidas através do cruzamento entre o conteúdo musical e o visual, plástico e poético”, como se explica no texto que anuncia este trabalho. Além disso, darão também origem a um livro, a editar em 2025, que incluirá não só as letras como trabalhos de vários artistas plásticos convidados por Helena Caspurro a darem uma outra dimensão a esta obra, para lá da sonoridade dos discos.
“Massaiá é uma palavra inventada e é uma prece”, explica Helena Caspurro ao PÚBLICO. “Escrevi esse tema a partir de um instrumental que já existia, do Orange Sandalwood [José M. Parra]. Ele escreveu nas redes sociais que esse tema devia ser cantado e pediu para lhe sugerirem letras. Eu adorei aquilo, fiz-lhe uma letra, ele gostou imenso e pediu até para a editar já como Massaiá [o que sucedeu no seu álbum The Mirror Inside, de 2021]. Disse-lhe que seria o tema deste álbum e é uma partilha que estamos a fazer.” É Orange Sandalwood, aliás, que toca piano nesta faixa, a acompanhar Helena (que canta e toca piano no resto do disco). Além dele, há mais dois músicos: Mário Santos (saxofone) e Brendan Hemsworth (chapas e gongs).
O facto de ser uma prece tem que ver com um momento delicado de saúde que a cantora viveu em 2021. “Foi-me diagnosticado um carcinoma e fiquei sem rede e sem chão. Estava a gravar e tive de parar tudo. Daí esse tema ter um sentido de prece. Mal eu sabia que, um ano depois, não era eu que morreria mas a minha irmã.” É, aliás, a Joana Caspurro que Helena dedica este disco, incluindo nele uma canção com letra da irmã (a única que não é dela, no disco), À parte da vida, que conta com um coro de dez vozes: Ana Morais, Edgar Moutinho, Inês Guedes de Oliveira, Jorge Costa, José Grilo, Marta Lima, Matilde Reigó, Raúl Moutinho, Rui Ferro e Susete Rebelo. “São os amigos dela, que eu convidei para eternizar o momento”, diz Helena.
Há uma outra canção que conta com vozes solistas, além da de Helena: Beatriz Capote e Joana Machado Araújo, em Ficar por aí. “São ex-alunos aqui da Universidade, pouco conhecidos mas excelentes músicos. E tem estado noutros projectos. Este é também um álbum que celebra a nossa vida como músicos e por isso está cheio de pessoas que fazem parte da minha vida. Os coros no tema Ficar por aí [Beatriz Capote e Joana Machado Araújo] são de também ex-alunas da Universidade. Há aqui uma partilha de vida, também. Há uma comunidade de pessoas que se está a celebrar neste disco. Que é um bocadinho biográfico. E um bocadinho dorido.”
Além da apresentação em Aveiro, o disco irá em 2024 até outros palcos, diz Helena: “Estou a planear isso. Já tenho sítios previstos no Porto e em Coimbra. Como sou universitária, docente, tenho de programar os concertos com um certo espaçamento. Queria fazê-lo enquanto estou a dar aulas, por isso preciso de escolher as datas que joguem melhor com a minha vida docente. Além do Porto e Coimbra, provavelmente Braga e gostaria também de ir a Lisboa.”