Brad Pitt, o menino bonito de Hollywood que se reinventou, faz 60 anos
O actor provou ser camaleónico o suficiente para que Hollywood o levasse a sério. E a vida pessoal provou que também pode ser vilão.
Na galeria acima, alguns dos mais emblemáticos papéis de Brad Pitt
Foi o seu rosto desenhado, os olhos azuis profundos, os lábios carnudos e o corpo atlético que começaram por chamar a atenção, quando se juntou a Susan Sarandon e Geena Davis no road movie feminista Thelma & Louise (1991), quatro anos após a sua estreia, com uma aparição não creditada na comédia Uma Troca dos Diabos. E foi a sua imagem que voltou a dar cartas quando integrou o elenco de Duas Vidas e o Rio (1992) e Lendas de Paixão (1994).
Mas, quando alguns podiam julgar que o seu destino como actor seria resumido ao herói de filmes românticos, Pitt trocou-lhes as voltas, em 1993, ao aceitar vestir a pele de Early Grayce, um sociopata que faz par romântico com Juliette Lewis (Assassinos Natos, do ano seguinte) e que irá atormentar o casal David Duchovny e Kathy Larson em Kalifornia.
No ano seguinte, juntou-se a Tom Cruise em Entrevista Com o Vampiro, mas foi, em 1995, com 12 Macacos, em que interpreta o louco Jeffrey Goines, que lhe valeu um Globo de Ouro e uma nomeação nos Óscares, que definitivamente conquistou um lugar na lista dos actores preferidos de Hollywood.
Seguiram-se Se7en - Sete Pecados Mortais, em que veste a pele de um detective; Sete Anos no Tibete (1997), como o alpinista austríaco Heinrich Harrer; Perigo Íntimo (1997), no papel de um terrorista do IRA. Foi ainda a personificação da morte em Conhece Joe Black? (1998); uma perigosa alucinação em Fight Club - Clube de Combate (1999) e o primeiro dos 11 de Ocean's Eleven - Façam as Vossas Apostas (2001) – um sucesso de bilheteira, que deu origem a Ocean's Twelve (2004) e Ocean's Thirteen (2007).
Pelo meio, foi o guerreiro grego Aquiles em Tróia (2004); o par romântico de Angelina Jolie em Mr. & Mrs. Smith (2005), que daria origem a um dos mais badalados casamentos (e divórcios); uma das vidas cruzadas de Babel (2006); e Jesse James, no western O Assassínio de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford (2007).
Em 2008, foi o pouco inteligente chantagista Chad na comédia Destruir Depois de Ler, dos irmãos Coen, e deu corpo ao O Estranho Caso de Benjamin Button (com mais uma nomeação para um Óscar). No ano seguinte, aliou-se a Quentin Tarantino para protagonizar Sacanas Sem Lei e, em 2011, foi um pai autoritário no drama A Árvore da Vida. Regressou à cerimónia dos Óscares com uma nomeação, em 2012, pela sua interpretação de Billy Beane no drama Moneyball - Jogada de Risco (2011), ao mesmo tempo que protagonizava Mata-os Suavemente (2012).
Em 2013, foi um antigo investigador contra a pandemia de zombies WWZ: Guerra Mundial; o abolicionista Bass em 12 Anos Escravo; e um vigarista em O Conselheiro. Em 2014, protagonizou Fúria e, em 2015, volta a cruzar-se com Jolie, no drama Junto ao Mar, sobre um casal que tenta reparar o seu casamento (curiosamente, os dois actores anunciariam a separação um ano depois), além de integrar a comédia negra A Queda de Wall Street, sobre a crise financeira de 2008.
O ano de 2019 terá sido o mais contraditório: por um lado, foi finalizado o divórcio de Angelina Jolie e o actor assumiu ser alcoólico; por outro, protagonizou Era Uma Vez... em Hollywood (2019), que, finalmente, lhe valeu o Óscar no ano seguinte.
De lá para cá, não descansou à sombra dos louros: foi um astronauta que procura no sistema solar o seu pai desaparecido (Tommy Lee Jones) em Ad Astra (2019), teve uma participação especial em A Cidade Perdida (2022), juntou-se ao realizador David Leitch para Bullet Train: Comboio Bala (2022) e a Margot Robbie em Babylon (2022).
Paralelamente, desenvolveu o gosto pela viticultura e tentou a sua sorte como artista plástico (e com sucesso).
Vilão na vida real?
Nascido a 18 de Dezembro de 1963, em Shawnee, Oklahoma, William Bradley Pitt cresceu no Missouri, onde frequentou a universidade até tentar a sua sorte como actor, mudando-se para a Califórnia.
Foi em Los Angeles, em 1994, que conheceu a actriz Jennifer Aniston, que começava a dar vida a Rachel numa das sitcoms de maior sucesso, Friends (1994-2004). Foram os agentes de ambos que os apresentaram, provavelmente com a ideia de que seria bom para a carreira dos dois actores em início de carreira. Casaram-se em 2000, mas o fim da relação chegaria em 2005, o ano da estreia de Mr. & Mrs. Smith, onde conheceu Angelina Jolie.
Com Jolie, Pitt apenas se casaria vários anos depois de já terem uma vida comum. Em 2006, tiveram a filha Shiloh e Pitt perfilhou os dois filhos adoptivos de Jolie, Maddox e Zahara. A família cresceu em 2007, quando os dois adoptaram Pax, e em 2008, com os gémeos Knox e Vivienne.
Casaram-se em 2014, mas apenas dois anos depois o conto de fadas ruía, com o pedido de divórcio da actriz. A partir daí, as acusações mútuas sucederam-se, tendo vindo a lume o comportamento abusivo do actor que terá estado na origem da decisão de Angelina Jolie de terminar o casamento. E, já em 2023, Pax, actualmente com 20 anos, escreveu no Instagram que o pai adoptivo é “um idiota de classe mundial”.
No texto, publicado no Dia no Pai, lia-se: “Provaste, vezes sem conta, que és uma pessoa terrível e desprezível. Não tens qualquer consideração ou empatia pelos teus quatro filhos mais novos que tremem de medo quando estão na tua presença. Nunca compreenderás os danos que causaste à minha família porque és incapaz de o fazer. Tornaste a vida das pessoas mais próximas de mim num inferno constante. Podes dizer a ti próprio e ao mundo o que quiseres, mas a verdade virá à tona um dia. Por isso, Feliz Dia do Pai, seu ser humano horrível.”