Após denúncia, influencers brasileiros rescindem contratos com plataforma de jogos Blaze
Plataforma de apostas online foi bloqueada em Portugal, em 2019, depois de ter recrutado youtubers para se promover. No Brasil, a empresa de jogos de azar é alvo de uma investigação.
Os influenciadores que têm contratos activos com a plataforma de jogos de azar Blaze, alvo de uma extensa reportagem no Fantástico do último domingo, estão a procurar a empresa para conversar sobre uma rescisão de contrato de publicidade para as redes sociais.
Pelo menos 12 celebridades procuraram representantes da companhia para tentar não ter mais os seus nomes associados a ela, segundo apurou a Folha de S. Paulo. Um dos casos é o da actriz Mel Maia, que chegou a ser exposta pela emissora carioca, onde já fez várias novelas, como uma das influenciadoras que promoveram os jogos de apostas.
A Blaze investe no Brasil desde 2020, chegando a oferecer cerca de cem mil reais (mais de 18.500 euros) por mês a influenciadores no Instagram para divulgarem a marca. Mas, desde Setembro, a Justiça de São Paulo bloqueou 101 milhões de reais (18,7 milhões de euros) da Blaze. As investigações começaram após apostadores denunciarem que valores altos não eram pagos pela plataforma, o que configura estelionato.
A Justiça também determinou que o site da Blaze fosse retirado do ar, mas a ordem judicial não foi cumprida. A empresa não tem representantes legais no Brasil, o que dificulta a imposição do cumprimento. Em comunicado, a Blaze escuda-se no facto de estar sediada em Curaçao, nas Antilhas, onde a sua actividade não configura qualquer crime, independentemente da nacionalidade dos apostadores, lembrando que num caso semelhante, o Ministério Público de São Paulo pediu o arquivamento do inquérito e um juiz revogou a decisão de bloqueio do site.
Em Portugal, o site Blaze.com foi bloqueado pelas autoridades, em 2019, depois de vários youtubers terem sido denunciados numa reportagem da Rádio Renascença de estarem a usar a plataforma de vídeo para publicitar o jogo de azar, algo punível pela legislação nacional.
De acordo com o Regime Jurídico dos Jogos e Apostas Online, “quem, por qualquer meio e sem estar para o efeito devidamente autorizado, explorar, promover, organizar ou consentir a exploração de jogos e apostas online, ou disponibilizar a sua prática em Portugal a partir de servidores situados fora do território nacional, é punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 500 dias”.