Dias tristes de cão e a eutanásia

Assim é a vida. Os animais são a companhia de muita gente e abraçam-nos sem pedir nada em troca. Eles também findam a jornada no mundo, tal como as pessoas que se vão. Nunca estaremos preparados.

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Megafone P3: Dias tristes de cão e a eutanásia Helena Lopes/Pexels
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O fiel amigo é aquele patudo com quem vivemos há anos. Não nos vira as costas, está sempre alerta e abana o rabo quando nos vê. Tornou-se um membro da família. Ladra a quem passa na rua como um defensor armado em herói.

Nunca esperamos o dia em que a velhice começa a dar sinais. Os dentes a cair, menos força nas pernas, um ladrar mais rouco. A sensação de fim gera dor dentro do peito. Deixa de comer, fica prostrado. Não aceita o miminho que mais gostava: queijo.

Vamos ao veterinário e depois de fazer análises teme-se o pior. O tumor está no baço, é grande e resta perceber se cavalgou para outros órgãos. Este, situa-se na parte superior do abdómen, perto do estômago. E quando o cenário se agudiza, quando o veterinário diz que a TAC revela metástases, o que fazer?

Assim é a vida. Os animais são a companhia de muita gente e abraçam-nos sem pedir nada em troca. Eles também findam a jornada no mundo, tal como as pessoas que se vão e, nunca estaremos preparados. As lágrimas tornam-se companhia de alguns dias. As reacções dos donos variam entre raiva, negação, estado de choque, angústia.

A pressão de algumas pessoas para eutanasiar o animal é gerada, sem que queiram ouvir o que o veterinário tem a dizer ou ter sensibilidade para com quem vive há anos com o bichinho e está a sofrer com a notícia repentina. O dono pondera e analisa e, em conjunto com a ‘família do animal’, decide-se o melhor para este cão: dar medicação, estudando a sua reacção. Melhorou todo o seu comportamento, voltou a ter mais apetite. Ladra, selecciona o que lhe apetece comer e fazem-se as vontadinhas ao velhote.

13 anos de cão, um companheiro a viver feliz, amado e cuidado. Agora, sem dor, pode continuar a sua vidinha de cão. Não se sabe quanto tempo se manterá assim e se há que decidir o tal acto médico, caso o sofrimento do animal seja percepcionado.

Afinal, as doenças terminais também acontecem aos cachorros. O nome técnico: neoplasia no baço. Sem sintomas ao início, vai aumentando sem que os donos possam dar conta. A hipótese de tratamento diminui.

Hoje, existem seguros para o animal de estimação, pois os custos de exames, esterilização, internamentos e tratamentos são elevados. Pode ser assegurada protecção, havendo cobertura de vacinas, cirurgias, responsabilidade civil ou funeral.

Assim, importa fazer check-ups regulares e não apenas quando apresenta sinais. Se a doença for diagnosticada no início, há maior chance de cura. O baço é um órgão que assiste o bom funcionamento da linfa e do sistema imunológico de cães. Quando existe tumor, pode ser removido e o cão consegue recuperar. Embora possa afectar em qualquer idade, é mais frequente acima de seis anos. Quando não removido, a hemorragia interna abdominal pode acontecer a qualquer momento, podendo romper. É uma das doenças que mais mata cães, em silêncio.

O melhor caminho cabe a cada família decidir. Uma das nossas reacções foi logo ir buscar as fotografias de quando o cãozinho era bebé. Recordar bons momentos. Os dias tristes de cão também existem, há que pensar nisto.

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