Braga entre as dez cidades europeias onde os cidadãos mais gostam de viver
Relatório da Comissão Europeia sobre a qualidade de vida em 83 cidades mostra que os bracarenses estão satisfeitos com a cidade. Lisboa também foi avaliada mas resultados não são tão positivos.
Braga está no top 10 das cidades europeias onde os cidadãos estão mais satisfeitos com a sua urbe, com 94% dos inquiridos a elogiar o concelho. Em Lisboa, a avaliação também é positiva, embora mais baixa (89%). Estes são dados do Relatório sobre a Qualidade de Vida nas Cidades Europeias de 2023, coordenado pela Comissão Europeia, e que demonstra que quase nove em dez europeus (87%) estão satisfeitos com a cidade onde vivem.
O inquérito, que avaliou 83 cidades e inquiriu cerca de 72.000 pessoas em todo o velho continente, revela que Braga é a décima cidade onde os cidadãos vivem mais satisfeitos, sendo a terceira entre as urbes com uma população menor do que 250.000 habitantes. A análise, que avalia parâmetros como a segurança, o emprego, a habitação, os transportes, a administração local, a qualidade do ar ou o acesso a equipamentos culturais, é liderada por Zurique (97%), seguida de Copenhaga e Groningen (96%). Em contrapartida, Palermo (62%), Atenas e Istambul (65%) são as cidades onde a avaliação é pior.
A avaliação indica que a maioria dos europeus está satisfeita nas cidades de países da União Europeia, da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), e do Reino Unido, e menos satisfeita nas cidades dos Balcãs Ocidentais e da Turquia.
A relação entre a dimensão da cidade e a satisfação com a mesma é clara. Em cidades com menos de 250.000 habitantes, 89% dos inquiridos estão satisfeitos com o seu território, mas a percentagem baixa para 86% em cidades com uma população entre 1 e 5 milhões de habitantes. Nas cidades de Ancara, Istambul, Londres, Madrid e Paris, com mais de 5 milhões de residentes, a percentagem diminui para os 79%.
Face ao último relatório, publicado em 2019, a satisfação com a vida nas cidades baixou três pontos percentuais. Para isso terão contribuído, aponta o documento, a pandemia da covid-19 e a invasão da Rússia à Ucrânia, factores que aumentaram a pressão sobre as infra-estruturas urbanas, os sistemas de saúde e as dinâmicas socioeconómicas. As cidades portuguesas, porém, contrariam a tendência: face aos últimos cinco anos, 45% dos inquiridos dizem que a qualidade de vida melhorou em Braga, e 31% apontam que melhorou em Lisboa.
Outro dos parâmetros onde as duas cidades portuguesas mais se destacam é na percentagem positiva à pergunta sobre se as urbes são bons locais para o acolhimento de imigrantes – num top liderado por Cardiff (95%), Lisboa (90%) e Braga (89%) surgem logo de seguida. Já na avaliação à qualidade de vida de famílias com crianças, Braga encontra-se nas primeiras cidades onde a percepção é melhor (95%), numa lista liderada por Cardiff (96%). No indicador da segurança, a cidade minhota também se destaca: está em nono lugar de uma lista encabeçada por Copenhaga (87%), com 84% dos inquiridos dizem que é seguro caminhar à noite em Braga.
Emprego é problema em Portugal
No indicador que questiona a facilidade de encontrar um bom emprego há uma distinção clara entre os países do sul da Europa e os restantes. Enquanto em Praga quatro em cinco pessoas dizem que é fácil encontrar um bom emprego, em Palermo quase ninguém (4%) pensa o mesmo. No mesmo indicador, Portugal não é excepção e tanto em Braga como em Lisboa a percentagem é menor do que 30%.
Em relação à habitação, os residentes do sul da UE e em cidades dos Balcãs Ocidentais têm mais facilidade em encontrar casa, mas em Portugal a percentagem baixa: Lisboa, na casa dos 20%, compara-se com cidades como Amesterdão, Copenhaga ou Dublin, enquanto Braga, entre os 50%, compara-se com Nápoles ou Málaga.
O indicador onde Braga mais destaca pela negativa é no uso do automóvel. A cidade lidera o ranking, com 70% dos inquiridos a revelaram que utilizam diariamente a viatura própria. Na opinião do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio (PSD), o número, embora possa estar “condicionado pela pandemia”, traduz um “desafio muito particular do ponto de vista das soluções de mobilidade”, apontando que é necessário “trabalhar colectivamente para tentar resolver a situação”.
Sobre o relatório, o autarca, que está a pouco menos de dois anos de abandonar a liderança do executivo municipal, diz que fica “particularmente satisfeito quando perguntam às pessoas se ao longo dos últimos cinco anos as condições de vida na cidade melhoraram ou pioraram e uma percentagem muito significativa diz que melhorou”.
Já em relação à habitação, admite que há “escassez de oferta e um aumento da procura”, uma vez que a “cidade tem crescido e atraído mais pessoas, portuguesas e não só”, e sobre os indicadores do emprego reconhece que é necessário “atrair mais empresas e criar empregos cada vez mais qualificados”.