Fed mantém juros e dá sinais de que descida já está mais próxima

Autoridade monetária cumpre as expectativas e, depois de a inflação ter diminuido para 3,1% em Novembro, mantém as taxas de juro inalteradas, dando sinais de que podem ocorrer descidas em 2024.

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Jerome Powell, presidente da Reserva Federal Reuters/EVELYN HOCKSTEIN
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A Reserva Federal norte-americana cumpriu as expectativas dos mercados e manteve, esta quarta-feira, a sua principal taxa de juro no intervalo entre 5,25% e 5,5%, prolongando o período de estabilização da política monetária nos EUA depois de, entre Março do ano passado e Junho deste ano, ter posto em prática a maior subida de juros das últimas quatro décadas para tentar travar a inflação. A descida de taxas de juro deverá chegar no próximo ano.

Quando se soube, já esta semana, que, em Novembro, a taxa de inflação homóloga nos Estados Unidos da América (EUA) manteve uma trajectória descendente, passando de 3,2% para 3,1%, as previsões de que, nesta reunião, os responsáveis pela autoridade monetária da maior economia mundial não iriam mexer nas taxas tornaram-se ainda mais seguras.

Aparentemente, apesar de a economia continuar a revelar, na maior parte dos indicadores de actividade, uma força significativa e de, no mercado de trabalho, não haver sinais de que o desemprego possa aumentar, parece evidente que o actual nível de taxas de juro imposto pela Reserva Federal está a ser suficiente para conduzir a taxa de inflação para o nível desejado.

O banco central dos EUA tem como meta colocar a taxa de inflação em 2% e a generalidade das projecções aponta para que tal possa vir a ser atingido a prazo, tendo em conta o efeito que os custos de financiamento elevados vão começando a ter nos níveis de consumo das famílias.

Ainda assim, Jerome Powell, o presidente da Fed, tem-se mostrado muito relutante em declarar vitória na guerra contra a inflação, manifestando a sua preocupação relativamente à possibilidade de, com uma taxa de desemprego baixa, se assista ainda a uma pressão em alta dos salários que contribua para manter a inflação a um nível acima do desejado.

Esta quarta-feira, contudo, a Fed deu sinais de que o discurso pode estar prestes a mudar. No comunicado em que anunciou a decisão de manter taxas de juro, assinalou os avanços no combate contra a inflação e disse apenas que iria continuar a avaliar se uma subida de taxas de juro ainda seria necessária.

Para além disso, nas previsões dos seus responsáveis para a evolução das taxas de juro, passou a antecipar-se uma descida de 0,75 pontos percentuais nas taxas de juro até ao final de 2024, mais dos que os 0,25 pontos anteriormente previstos.

Dezassete dos 19 membros do comité que define a política monetária nos EUA projectam que as taxas de juro irão baixar em 2024, sendo que nenhum prevê uma subida.

Em relação às projecções para a economia, os responsáveis da Fed antecipam agora, em comparação com o que diziam em Setembro, uma taxa de crescimento mais lento em 2024, com a mesma taxa de desemprego e com a inflação a cair para 2,4% em 2024 e chegando ao objectivo de 2% em 2026.

É, na prática, o cenário de aterragem suave da economia norte-americana que a Fed deseja e que, aparentemente, deverá implicar que as taxas de juro, depois de muito subirem em 2022 e 2023, comecem finalmente a recuar em 2024.

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