Três opositores detidos em dia de eleições “para patriotas” em Hong Kong

A presidente e dois vice-presidentes da Liga dos Sociais-Democratas foram detidos às primeiras horas de umas eleições marcadas pela apatia da população.

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Só 88 dos 470 cargos em disputa são por eleição directa e, desses, 71 candidatos são pró-Pequim TYRONE SIU/Reuters
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Três membros da plataforma opositora de Hong Kong, a Liga dos Sociais-democratas, incluindo a sua presidente, foram detidos este domingo pela polícia, nas primeiras horas das eleições locais no território. Estas eleições foram marcadas pela apatia da população e pela repressão aos dissidentes.

As forças de segurança detiveram a presidente da Liga, Chan Po-ying, e os seus dois vice-presidentes, Dickson Chow e Yu Wai Pan, no distrito central da cidade, conforme foi comunicado por Raphael Wong, membro da Liga, ao site independente de notícias Hong Kong Free Press.

A polícia confirmou ao mesmo meio a detenção de três pessoas, com idades entre 31 e 67 anos, sob suspeita de "incitar outros a intervir nas eleições para os conselhos de distrito".

Estas eleições realizaram-se de acordo com um novo sistema eleitoral muito contestado, que, de acordo com John Lee, o presidente do governo da região autónoma "permitirá que os conselheiros eleitos trabalhem a favor dos interesses de Hong Kong e não contra eles, nem contra os interesses do país", referindo-se à China.

De acordo com a nova lei eleitoral, apenas 88 dos 470 representantes locais são eleitos por voto directo. Os restantes dependem da decisão de Lee ou de três comités dominados por políticos afectos a Pequim.

De acordo com um estudo do South China Morning Post', 71 candidatos aos lugares de eleição directa são apoiantes do governo chinês. A maioria dos candidatos opositores ou independentes foram excluídos devido às dificuldades em obter apoio inicial.

Por isso, estas eleições são definidas como "apenas para patriotas", razão pela qual as autoridades minimizaram a importância das baixas taxas de participação previstas por grupos de pesquisa semi-oficiais chineses, como a Associação de Estudos de Hong Kong e Macau, que previam no máximo 20% de participação, conforme relata o Hong Kong Free Press.

Este cenário representa um contraste marcante com as eleições de 2019, no auge dos protestos contra a interferência chinesa na autonomia do território, quando os candidatos dissidentes conquistaram mais de metade dos lugares devido a uma participação extraordinária de 71% dos eleitores.

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