Daesh reivindica ataque e morte de cinco militares em Moçambique

Grupo extremista terá filmado o ataque ocorrido na quinta-feira, na aldeia de Manhiça, distrito de Muidumbe. Um civil cristão terá sido decapitado.

Foto
Tropas moçambicanas vigiam aldeia em Cabo Delgado LUÍS FONSECA (arquivo)
Ouça este artigo
00:00
02:27

O grupo terrorista Daesh reivindicou este sábado a autoria de um ataque em Cabo Delgado, norte de Moçambique, em que morreram cinco militares, afirmando ainda que decapitaram um civil cristão.

De acordo com informação avançada pelo grupo terrorista nos seus canais de propaganda, o ataque foi documentado em vídeo e terá ocorrido na quinta-feira, na aldeia de Manhiça, distrito de Muidumbe, levando à fuga da população.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista, que levou a uma resposta militar desde Julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu em 22 de Novembro “decisões” sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em Cabo Delgado, nomeadamente com reservistas, tendo em conta a prevista retirada das forças estrangeiras que apoiam no terreno contra os grupos terroristas.

“Decisões concretas sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em relação à sua acção no combate ao terrorismo em Cabo Delgado no período após a retirada das forças amigas da SAMIM [missão da SADC em Moçambique] e do Ruanda”, pediu Nyusi, na abertura do XXIV Conselho Coordenador do Ministério da Defesa Nacional.

“Para o efeito, a vossa reflexão deve igualmente avaliar a forma de melhor capitalizar o manancial de reservistas, empenhando-os directa ou indirectamente em várias missões em prol da defesa da soberania e integridade territorial do nosso país. E a realidade actual justifica”, acrescentou.

A cimeira da SADC aprovou em Agosto passado a prorrogação da missão em Cabo Delgado, por 12 meses, até Julho do próximo ano. Uma missão de avaliação propôs em Julho passado a retirada completa dos militares da SAMIM em Cabo Delgado até Julho de 2024, assinalando que a situação na província “está agora calma”, apesar de os riscos prevalecerem.

Nas recomendações, a missão de avaliação aconselha o início gradual da saída da SAMIM a partir de 15 de Dezembro deste ano e a conclusão da retirada em 15 de Julho de 2024, isto é, um dia antes do fim do prazo da prorrogação decidida na terça-feira da semana passada pela troika da SADC.

Além da SAMIM e das forças governamentais moçambicanas, combatem a insurgência em Cabo Delgado as tropas do Ruanda, estando estas a operar no perímetro da área de implantação dos projectos de gás natural da bacia do Rovuma.