Sérgio Sousa Pinto apoia Pedro Nuno Santos para secretário-geral
O deputado, membro da “ala direita”, diz que Pedro Nuno Santos “não se apresenta como um radical mas como uma ilha de dignidade”, contra quem esteve nos Ministérios da geringonça e hoje a renega
O deputado Sérgio Sousa Pinto anunciou o apoio a Pedro Nuno Santos para secretário-geral do PS no seu artigo publicado esta sexta-feira no Expresso.
Sousa Pinto, que esteve contra a formação da geringonça, e não ocupou nenhum cargo nesses anos para além de deputado, insurge-se contra aqueles que, tendo ocupado cargo de governo na altura, hoje aparecem a criticar o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda ao primeiro Governo Costa. “Até gente que se sentou nos gabinetes ministeriais, lá alçada com os votos do PCP e do BE, descobriu os malefícios do ‘radicalismo’, afinal muito nefasto à periclitante “autonomia estratégica” do PS”.
Apoia Pedro Nuno Santos porque, nas suas palavras, “no actual contexto não se apresenta como um radical mas como uma ilha de dignidade”. Diz Sérgio Sousa Pinto, criticando indirectamente José Luís Carneiro e alguns dos seus apoiantes: “Pedro Nuno Santos ficou sozinho na defesa da geringonça, na qual acreditou e a qual serviu, com boa-fé até ao fim, com uma convicção que não lhe pareceu decente, por cálculo, desdizer ou repudiar. Tendo sobre os benefícios das alianças à esquerda convicções opostas às dele, que não se alteraram entretanto, observo que não renegou nada do que fez, disse ou é”.
No texto, Sousa Pinto escreve que “coragem, autenticidade e respeito por si próprio são virtudes que, por si só, não são suficientes para fazer um bom líder nem um melhor primeiro-ministro. Mas quem as não tem, nem provou ter, ao longo de anos de prostrados serviços ao líder, melhor fazia em guardar, de Conrado, o prudente silêncio”.
Responde também àqueles que criticam os elementos da chamada “ala direita” (que segundo Sousa Pinto nem é “ala” nem “direita”) de apoiarem agora Pedro Nuno Santos, tal como já fez Francisco Assis e também Álvaro Beleza, presidente da SEDES. “Quanto aos militantes da famigerada ‘ala direita’, proscritos no limbo interno por longos anos, mas credores de alguma consideração fora do PS, que não os venham confrontar, acusativos, agitando os respectivos e ministeriais dedinhos. Pois nada pediram, nada aceitaram e nada querem”, escreve.
O texto termina assim: “As fracturas que as eleições internas no PS estão a expor nasceram no Conselho de Ministros e no estado-maior do costismo (…) Na denominada ‘ala direita’ cada um fará o que bem entender, como é de regra. Por mim, estou com o virar de página”.