Num ano em que parece tradição mensal dizer que Taylor Swift foi a “mais (inserir distinção aqui)”, a revista Time decidiu resumir todas as conquistas da cantora norte-americana em 2023, considerando-a a “Pessoa do Ano”.
“As conquistas de Swift enquanto artista — culturalmente, do ponto de vista crítico e comercialmente — são tantas que recontá-las parece ser passar ao lado do que importa”, escreve a publicação. “Como estrela pop, tem pouca companhia, ao lado de Elvis Presley, Michael Jackson e Madonna; como escritora de canções, é comparada com Bob Dylan, Paul McCartney e Joni Mitchell. Como mulher de negócios, construiu um império que vale, segundo algumas estimativas, mais de mil milhões de dólares.”
Mesmo sem lançar novo disco em 2023 — Speak Now (Taylor’s Version) e 1989 (Taylor’s Version) são regravações de discos que saíram originalmente em 2010 e 2014, respectivamente —, Swift foi incontornável este ano. “Quantas conversas teve sobre Taylor Swift este ano? Quantas vezes viu uma fotografia dela ao fazer scroll no telemóvel? Foi uma das pessoas que fizeram peregrinação à cidade onde ela tocou? Comprou bilhete para o filme concerto?” pergunta a revista aos leitores.
Swifties dão vida às cidades que acolhem concertos
Os números falam por si. Segundo a Forbes, Swift ganha, pessoalmente, entre dez e 13 milhões de dólares (entre nove e 12 milhões de euros) em cada noite de concerto da digressão Eras Tour. Só com os concertos deste ano, estima a Billboard, Swift fez mais do que 900 milhões de dólares (cerca de 830 milhões de euros). Em 2024 este valor deverá duplicar, fazendo com que a digressão seja a mais lucrativa da história.
“Este é o maior evento cultural numa geração, em torno do qual as pessoas estão a organizar as suas viagens", explica Brittany Hodak, empresária e especialista em experiência do cliente, em entrevista à CNN.
Ao contrário do que aconteceu com os Jogos Olímpicos ou com o Campeonato do Mundo de Futebol, a digressão está a “impulsionar as viagens e o turismo em todo o mundo”, acrescenta. “Não é de admirar que tenhamos visto líderes mundiais a fazerem campanha para que a digressão passasse pelos seus países”, como foi o caso do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau.
No Rio de Janeiro, a estátua do Cristo Redentor foi iluminada por ocasião dos concertos da cantora. Glendale, cidade norte-americana no estado do Arizona mudou, temporariamente, o nome para Swift City (Cidade de Swift, em tradução livre) a 17 e 18 de Março, dias em que a artista actuou.
Mas, os fãs de Taylor Swift não estão apenas a investir nos concertos, estão também a aproveitar para conhecer as cidades onde acontecem os concertos e para realizar umas Swift-cations (férias dos fãs de Swift, em português).
De acordo com a U.S. Travel Association, os fãs gastaram cerca de dez mil milhões de dólares nos EUA. “Embora muitos participantes fossem locais, cada concerto atraiu um número significativo de visitantes que, além de assistirem, passaram vários dias naquele destino. Cidades de todo o país registaram altas taxas de ocupação e os centros estavam preenchidos durante os finais de semana dos espectáculos”, lê-se no site.
Em Pittsburgh, os fãs gastaram, em despesas directas, cerca de 46 milhões de dólares (42,3 milhões de euros), durante os dias 16 e 17 de Junho. Nesse fim-de-semana, a cidade registou uma ocupação hoteleira de cerca de 95% — segunda maior taxa de ocupação alguma vez registada. Los Angeles também recebeu seis concertos e sentiu um impacto económico de cerca de 320 milhões de dólares (295 milhões de euros).
Para a U.S. Travel Association, este é um sinal claro de que os fãs e os eventos culturais têm o poder de impulsionar deslocações e de “contribuir para potenciar as economias locais”.
A elevada procura também impactou os preços dos alojamentos. Segundo o estudo desenvolvido pela Lighthouse, tendo em conta os dados provenientes de 13 cidades americanas que acolheram concertos da Taylor Swift, o preço dos quartos aumentou cerca de 7,7% no mês anterior aos espectáculos e, durante o mês dos eventos, o valor aumento 7,2%, em comparação com o ano anterior.
"O facto de uma única digressão musical influenciar significativamente os preços médios nas principais cidades dos EUA, durante um mês inteiro, destaca a magnitude desta digressão e as suas implicações a longo prazo para a indústria hoteleira", afirma o estudo.
A Eras Tour também ficou conhecida pela actividade sísmica gerada nos concertos realizados nos passados dias 22 e 23 de Julho. Mais recentemente, a digressão também ficou marcada pela morte de uma fã, no Rio de Janeiro, por causa do calor extremo no recinto do espectáculo.
Taylor Swift actua em Portugal, pela primeira vez, a 24 e 25 de Maio, no Estádio da Luz, no âmbito da digressão Eras Tour.
Texto editado por Bárbara Wong