Na Cabeça da Serra da Estrela, o Natal é mesmo natural
Sem Pai Natal nem plásticos, só decorações artesanais feitas do que a serra dá, mais uma luzinha ou outra. Na Aldeia Natal da Cabeça, a festa tem programa farto e acolhedor a partir de dia 8.
"A mais bonita aldeia de Natal". É este o mote e o espírito da Aldeia Natal de Portugal, tal como já foi resumido na Fugas e tal como se apresenta Cabeça, na Serra da Estrela, por estas alturas. Uma celebração com raízes nas tradições portuguesas e que une os habitantes na sua preparação. Cabeça, "a mais genuína e sustentável", mostra agora as suas "decorações naturais 100% sustentáveis feitas com a vontade, criatividade e engenho das gentes da aldeia".
Aqui vivem cerca de 170 pessoas e, entre 8 de Dezembro e 1 de Janeiro, são as anfitriãs dos muitos visitantes que vêm para o frio em busca do calor do "Natal mais tradicional e ecológico do país". E, claro, da beleza e criatividade das decorações que assentam na perfeição no casario desta Aldeia de Montanha.
"Tudo é feito manualmente, com materiais recolhidos de forma responsável no meio natural envolvente, como as giestas, videiras, pinheiros, folhas de fetos, canas de milho e ainda outros materiais reciclados", explica a organização, em que juntam forças "todas as colectividades da aldeia, a Comissão dos Compartes da Cabeça, a União de Freguesias de Vide e Cabeça, a Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede Aldeias de Montanha (ADIRAM) e o Município de Seia". "Não há empresas envolvidas", sublinha-se, "são apenas os habitantes que se encarregam de dar vida e alma à decoração desta festa de Natal". Assim, ocorre outro fenómeno raro na temática decorações natalícias: a cada ano, "90% das coisas são diferentes", como garantia Nuno Silva, que vive na aldeia, à Fugas.
Mas não são só as decorações ou a hospitalidade, as portas abertas e o receber bem quem vier por bem, há também programa farto – incluindo de comes e bebes, evidentemente. E, na agenda, cabem também a "partilha e valorização de tradições como a missa do Galo, a fogueira de Natal, a confecção de iguarias no forno comunitário e o Mercado de Natal com produtos regionais".
Por entre o serpentear pelas ruas, as tasquinhas e as casas, há "milhares de luzes a iluminarem as ruelas e o casario típico", salientando-se esse singular detalhe de Cabeça ter sido "a primeira aldeia led do país, um contributo real para eficiência energética e promoção de economia de baixo carbono".
Outros destaques do programa passam por aprender a fazer decorações de Natal sustentáveis e oficinas como a de destilação de óleos essenciais: de bordados tradicionais ou brinquedos e cestaria tradicionais; de feltragem ou a do Natal Circular (uma "oficina de Reutilização para a elaboração de prendas de Natal circulares" em que os participantes podem aprender a "fazer uma prenda feita exclusivamente com produtos ou materiais em fim de ciclo"). Outra oficina em destaque tem um título que diz tudo e evita o desperdício de mais palavreado: "Aldeia Desperdício Zero: Das Sobras da Cozinha às Couves de Natal", com direito a explicações dos habitantes nas hortas da aldeia.
A transformação de Cabeça em Aldeia Natal começou há uma década, graças a uma iniciativa colectiva que passou por apresentar o projecto (e ganhar) no concurso anual municipal do Orçamento Participativo. Ano após ano, a fama tem vindo a aumentar e os holofotes sobre este Natal com Cabeça já não são apenas nacionais, caso do influente jornal britânico The Guardian que há dois anos descobriu o evento e destacava a aldeia como "a capital do Natal de Portugal".
Para o programa completo e mais informações é seguir para o site oficial da Cabeça Aldeia Natal.