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Para Anastasiia, a beleza está nos supostos "defeitos" de cada um
Os retratados de Beautiful Not Beautiful crêem que algo os impede de estar à altura dos padrões de beleza. Anastasiia Marinich fotografa-os, recusando a edição fotográfica, para mostrar que todos são belos.
Quando, em 2021, Anastasiia Marinich começou a tirar fotografias, interessou-se por fazer "retratos de mulheres bonitas", conta ao P3, a partir da Poznan, na Polónia, onde vive. Mas não tardou até alterar o seu foco. O projecto Beautiful Not Beautiful, nunca antes publicado, consiste num conjunto de retratos de pessoas que, "por algum motivo, não conseguem achar-se bonitas, mas que têm a coragem de se aceitarem" e de serem fotografadas. "Eu gosto de moda e pensei que seria interessante retratar pessoas que sentem algum desconforto com a sua imagem. A ideia é deixar que se mostrem tal como são, não editar minimamente as fotografias, e assim inspirar para a auto-aceitação."
O standard de beleza vigente a Ocidente, que a fotógrafa considera estar presentemente em mudança para incluir mais tipos de corpos, tem o potencial de "tornar as pessoas menos confiantes". As consequências, para quem compara o seu próprio corpo a esse padrão, poderão passar por "evitar serem fotografadas" ou "passarem a consumir coisas de que não precisam". "Mas creio que a mudança já começou e que isso já é visível nas campanhas de marcas de moda direccionadas ao consumo de massas. Seria necessário ver essas mudanças em marcas de menor dimensão, mas já me considero satisfeita pelo facto de existirem tantos tipos de corpos retratados nas campanhas de moda e de haver cada vez mais espaço para outros tipos de beleza."
Para Anastasiia Marinich, a pressão dos padrões de beleza não incide unicamente sobre as mulheres. "Os homens são igualmente afectados por eles. Existe uma ideia generalizada de que a moda e a beleza são temas que interessam estritamente às mulheres, mas eu acredito que isso não é verdade."
Durante a produção de Beautiful Not Beautiful, que se mantém em desenvolvimento, a fotógrafa conheceu sete pessoas descontentes com a sua imagem. Monika, por exemplo, não gosta do aspecto de um dos seus olhos, Ira sentia embaraço ao revelar uma marca de nascença que cobria a pele de uma das pernas. A fotógrafa, que figura num auto-retrato, não gosta de enfrentar os sinais de envelhecimento diante do espelho. "A Ana, por exemplo, partilhou comigo que desde os 11 anos que se sente insatisfeita com o seu corpo devido aos inúmeros comentários de pessoas que diziam que era gorda e que deveria perder peso. No presente, ainda se debate com o peso." A participação no projecto ajudou-a a aceitar-se como é e a considerar-se bonita, assegura.
Foi e continua a ser difícil encontrar pessoas que desejem ser retratadas. "Eu procuro pessoas que se sentem insatisfeitas com a sua imagem e que queiram partilhar, corajosamente a sua experiência, mas muitas vezes apareciam apenas pessoas que estavam interessadas em serem retratadas por um fotógrafo profissional." A sua demanda irá continuar, no entanto. "A fotografia é, para mim, um novo mundo de autodesenvolvimento e oportunidades." Com esteprojecto, Anastasiia deseja estender isso a quem se deixar retratar.