Tudo parece encaminhar-se para a Guiné-Bissau deitar fora uma nova oportunidade

Tal como em 2014, com a nova disponibilidade da comunidade internacional para ajudar, os que só pensam no seu próprio bem-estar parecem empenhados em voltar a desestabilizar o país.

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Os guineenses em 2014 pareciam ter encontrado os ingredientes para ter estabilidade com crescimento social e económico. Tinham um governo do partido mais votado, incluindo pessoas doutros, tinham um Presidente indicado pelo mesmo partido e tinham um plano de desenvolvimento Terra Ranka que quebrava finalmente o diktat do Banco Mundial/Fundo Monetário Internacional de planos de ajustamento que já vinha de 1986/87. A comunidade internacional na Mesa-Redonda de Bruxelas assumiu compromissos financeiros superiores aos que foram solicitados por Bissau.

Mas as pessoas negativas, as que pensam mais no seu próprio bem-estar do que no da população e (pelos vistos) ignorantes de que a disponibilidade dessas verbas nada tinha que ver com as malas de dinheiro que Muammar Kadhafi dava a Kumba Yalá e aos sucessores, acharam que se podiam apropriar do controlo desse processo, fosse porque meios fosse.

O resultado foi uma instabilidade permanente e as verbas da mesa-redonda nunca chegaram ao país, e a comunidade internacional passou a decidir a alocação de verbas da cooperação evitando os poderes públicos, pois não estava disposta a apostar num regime que claramente se moldava mais para reforçar a riqueza de grupos de pessoas do que para promover o bem-estar da população.

Em 2023, parecia que algumas das condições positivas anteriores estariam de novo reunidas — uma maioria absoluta no Parlamento, um governo da coligação mais votada com outros dois partidos a aprovar um plano inspirado no Terra Ranka e um Plano de Emergência onde se contabilizam as dívidas a empresas, a professores, médicos, etc. — que é urgente serem pagas —, controlo da inflação pela baixa do preço do produto-base de alimentação, energia nocturna como nunca existiu neste século. Não há um Presidente em consonância com esse Governo/Parlamento, mas o actual parecia ter-se adaptado à maioria.

A situação de outros países da zona geográfica envolvidos em conflitos armados com radicais que se dizem muçulmanos, a formação de governos vindos de golpes de Estado militares, a saída forçada das tropas francesas estacionadas em várias ex-colónias, a presença crescente da Rússia (via Wagner e empresas) nalguns desses países, colocou a Guiné-Bissau numa situação favorável para o FMI/BM, União Europeia, Estados Unidos, Alemanha, França, etc., que procuram países que não se deixam apanhar pelos fundamentalismos nem pela tendência para expulsar as bases militares europeias. O resultado foi o anúncio credível de disponibilidades de verbas que voltaram a originar movimentos internos para chegar ao controlo das mesmas.

Assim, tudo parece encaminhar-se para o país deitar mais uma vez fora uma nova oportunidade. Dá vontade de só fazer ajuda ao desenvolvimento com as entidades privadas e públicas que, pela sua natureza, estão relativamente ao abrigo deste tipo de pessoas, como as organizações não governamentais e as Igrejas/ordens religiosas. Mas a verdade é que tal só é possível em pequena escala ou em sectores como a educação e a saúde. Sem Estado, não há desenvolvimento que se veja, senão a um ritmo muito baixo, que origina conflitos pelo descontentamento das populações.

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