Feijóo crítica PSOE por escolha de mediador para negociações com Puigdemont
Partido Popular voltou a juntar milhares de pessoas em Madrid num protesto contra o acordo de amnistia.
O líder do Partido Popular (PP) de Espanha, Alberto Núñez Feijóo, criticou este domingo o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, pela “vergonha” e “humilhação” de permitir que um “perito supostamente em negociações entre terroristas e guerrilheiros latino-americanos” vá actuar como coordenador e porta-voz do grupo de personalidades que funcionarão como “verificador independente”, tutelando o processo de negociações que vai concretizar o acordo entre o PSOE e o Juntos pela Catalunha (Junts) que permitiu a Pedro Sánchez continuar no poder.
Numa reunião realizada no sábado na Suíça, o PSOE e os independentistas catalães escolheram o diplomata Francisco Galindo para o cargo, o que motivou palavras duras, neste domingo, durante os protestos em Espanha contra a amnistia, do PP.
“Não aceitaremos a opacidade com que Sánchez se reúne e negoceia clandestinamente. Não em nosso nome e não em nome da maioria dos espanhóis. Em nosso nome, não. E em nome da maioria dos espanhóis, não. A dignidade e a democracia de Espanha não se negoceiam em segredo, não”, disse Feijóo, citado pela agência Europa Press, em Madrid, durante um protesto que, segundo o partido, contou com 15 mil pessoas. Um número revisto para baixo, para cerca de 8000, por parte de uma delegação do Governo.
Acompanhado por Isabel Díaz Ayuso, José Luis Martínes Almeida, e outras importantes figuras do PP, Feijóo, que venceu as eleições de Julho, mas não foi capaz de formar maioria parlamentar, disse que Espanha “está a passar por uma humilhação insuportável”, pela escolha de um especialista em negociações com guerrilheiros para verificador das reuniões entre o PSOE e o Junts. “Exijo, em nome deste país, que este disparate acabe”, disse o responsável pelo PP, citado pelo jornal espanhol El Mundo.
Feijóo questionou se “um perito em guerrilha latino-americana” é a pessoa certa para decidir como o Governo deve lidar com uma das regiões autónomas do país. “É uma vergonha colocar um cidadão de El Salvador a decidir o futuro de Espanha”, afirmou, prometendo “derrubar o muro” que o PSOE pretende construir “com a Constituição de todos nós”. “Recuso-me a acreditar que não haja socialistas que não se envergonhem pelo facto de o seu partido ir a Genebra negociar com um intermediário de um golpista”, afirmou o presidente da câmara da capital, José Luis Martínez Almeida, referindo-se a Carles Puigdemont.
Os protestos acontecem a três dias do 45.º aniversário da Constituição, que se celebra no próxima quarta-feira, e que tem sido a bandeira do PP desde o acordo entre o PSOE, o Junts e outros partidos independentistas que permitem aos socialistas alcançar a uma maioria parlamentar. “Chamam-lhe verificador. Deixam-nos ao nível das FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]”, disse Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid, de acordo com o El País. “As democracias não morrem todas de uma vez, mas vão-se pouco a pouco”, acrescentou, apesar de não haver registo de que o diplomata salvadorenho tenha participado nas negociações de paz com a guerrilha colombiana, escreve o diário espanhol.
Segundo fontes consultadas pelo jornal, depois da reunião entre o PP e o Junts, o líder do partido pediu aos porta-vozes no Congresso, no Senado e no Parlamento Europeu que accionem qualquer mecanismo paramentar para obrigar o Governo a informar sobre os conteúdos abordados nas reuniões com o Junts, assim como a agenda, os acordos alcançados e a identidade de todos os mediadores internacionais.