Cartas ao director

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Quem perdeu poder de compra? Todos!

Desde a actuação da troika, não foram só os médicos, professores e enfermeiros a perder poder de compra; todos perderam, à excepção dos grandes empresários. Sugiro que alguém faça uma tabela comparativa percentual que inclua diversas profissões e diversas variáveis. Também não é rigoroso afirmar que estejamos muito melhor do que há dez anos; nem considerando que muitos de nós ficámos, nessa altura, sem subsídio de férias e/ou 13.° mês. A comparação entre o passado e o presente implica ter em conta a inflação e, consequentemente, o que se gasta a mais, hoje em dia, nos combustíveis, nas rendas, nos empréstimos, nos bens essenciais, na farmácia, nas consultas, na água, na luz, no gás, nas propinas, no alojamento dos estudantes, etc..

A única melhoria que se apresenta evidente é a redução do número de desempregados. Sem uma tabela comparativa detalhada e rigorosa, as afirmações — sobre o que e quem perdeu mais — resultam irresponsáveis, injustas, falaciosas e elitistas. Para além de que as classes estão cada vez mais polarizadas, à medida que a classe média se aproxima da classe baixa, a classe média alta passa a ser classe média e a classe alta passa a ser superalta. Não esqueçamos o aumento dos sem-abrigo e das famílias que já não conseguem pagar as rendas, os empréstimos e os medicamentos.

Luís Filipe Rodrigues, Santo Tirso

Ao eleitor o que é do eleitor

Correm preocupações e alarmes quanto ao resultado das últimas sondagens, onde o Chega tem um crescimento espectacular. Não é necessariamente uma boa notícia, mas a democracia tem destas coisas. É o eleitor que decide. Depois de tantos anos com ouvidos moucos aos designados “casos e casinhos” e pretendendo que formalmente está tudo bem até eventual condenação e trânsito em julgado, que esperavam? Que os eleitores aceitassem a bondade dessa formal inocência?

Obviamente que o Chega não tem um projecto sério e consistente, mas ele cresce no lixo que outros criaram. Se o querem combater e contestar, vão aos fundamentos e à incoerência das suas ideias e propostas. Argumentar angelicamente que “eles são muito diferentes de nós” não é herbicida, é adubo!

Carlos J. F. Sampaio, Esposende

A propósito da sondagem

A sondagem publicada no PÚBLICO esta semana mostra um empate técnico entre PS e PSD. Como todos sabemos, num jogo equilibrado a influência de uma má arbitragem pode interferir decisivamente no resultado. Ora no caso das próximas eleições foi justamente o árbitro da Justiça que obrigou ao fim do jogo antes do tempo, com base numa inexplicada hipótese de falta de um dos jogadores, por “acaso” o ponta-de-lança.

Será que o esclarecimento da decisão do árbitro vai demorar o mesmo que a acusação contra a presidente da Câmara de Matosinhos (três anos)? E vai ser tão pindérica como a acusação de ter nomeado uma chefe de gabinete sem concurso público? E tão parcial que nunca foi levantada contra inúmeros presidentes de câmara que vieram a público dizer que faziam o mesmo? E a direita vai continuar a aplaudir o árbitro só porque daí espera “vantagens indevidas”? E o VAR, que vai fazer, se vier a provar-se que a equipa de arbitragem era afinal constituída por hooligans irresponsáveis? Enquanto a claque entoa “à justiça o que é da justiça”.

Se todos os dirigentes forem paralisados na sua acção governativa pelo risco de se transformarem em arguidos, dentro em pouco deixaremos de ter relvados e passaremos a jogar em campos pelados!

José Cavalheiro, Matosinhos

Milagre económico

Destacado elemento de um país europeu elegeu Portugal como o país do milagre económico, o que com toda a certeza envaidece alguns que arvoram a bandeira das contas certas, como se fossem uma realidade com reflexos na vida e bem-estar das pessoas, o que lamentavelmente não é o que está a acontecer.

O milagre económico só existe para quem olha isolado para os números da economia, mas não tem em conta o aumento dos números da pobreza, um sistema de saúde prestes a entrar em colapso sem dar resposta às necessidades dos cidadãos, a ausência de reformas e os baixos rendimentos de um povo obrigado a fazer escolhas para sobreviver. A observação sobre o milagre económico só pode vir de alguém a quem importa esconder de um país que só o facto de estar na cauda da Europa devia ser preocupação maior, onde a realidade portuguesa não estivesse oculta, o que deveria envergonhar a classe política que sobrevive de lobbies.

Américo Lourenço, Sines

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