Trabalhadores do Jornal de Notícias mantêm pré-aviso de greve

Redacção do Jornal de Notícias mantém a intenção de fazer greve contra os despedimentos previstos no plano de reestruturação da Global Media. Administração admite situação “gravíssima”.

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Em Julho, os trabalhadores do JN protestaram contra a saída da redacção para a periferia do Porto. O antigo edifício foi vendido a uma sociedade chinesa para a construção de um hotel Paulo Pimenta
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Os funcionários do Jornal de Notícias (JN) decidiram manter o pré-aviso de greve agendada para os dias 6 e 7 de Dezembro, em protesto contra o despedimento de 150 trabalhadores no âmbito do plano de reestruturação da Global Media (empresa proprietária do jornal, assim como do Diário de Notícias, O Jogo e a rádio TSF) que a administração está a preparar — e que será apresentado na próxima semana.

Num comunicado enviado às redacções, após um plenário que se realizou esta quinta-feira, os trabalhadores anunciaram que o pré-aviso de greve mantém-se de pé "em face da falta de resposta da administração ao pedido de esclarecimento sobre a intenção de despedimento colectivo no GMG [Global Media Group] enviado no dia 24 de Novembro", e que decidiram aprovar "medidas de amplificação da causa do JN junto da opinião pública".

A comissão executiva do Global Media Group, por seu turno, admitiu que enfrenta uma "gravíssima situação financeira", resultado de uma "acumulação de elevados prejuízos" e da "existência de um total défice de tesouraria". Essa será a explicação para o atraso no pagamento de salários deste mês, que só será normalizado na próxima semana. "O pagamento atempado dos salários no último ano só foi possível devido a transferências feitas pelo accionista Marco Galinha", afirma a administração.

O grupo afirma ainda ser alvo de uma "campanha permanente" de "alguma concorrência", através de "adulteração de factos e criação de falsas narrativas", a que se juntam os "graves problemas financeiros que há muito vive" a Global Media. Isso "impossibilitou o acesso à banca nacional", alega a administração, "obrigando ao recurso a transferências internacionais por parte do World Opportunity Fund".

É dessas transferências que sairão os ordenados do mês de Novembro, indica o grupo em comunicado, que acrescenta que a situação fiscal e os pagamentos aos fornecedores estão em dia. "A Comissão Executiva do GMG tem plena noção da urgência da regularização desta situação e dos constrangimentos que este mesmo atraso causam, não deixando, porém, de lamentar todos os obstáculos com que tem sido confrontado quem se dispôs, através de um forte investimento, a criar uma última alternativa para impedir a falência do grupo e o encerramento das suas marcas", termina o documento.

Milhares assinam petição contra “morte do JN”

Entretanto, uma petição em defesa do Jornal de Notícias atingiu mais de três mil assinaturas em cerca de 24 horas. O documento foi promovido pelos trabalhadores do jornal.

O documento destaca o papel do último jornal com sede no Porto, um diário “com 135 anos de história”. “Uma história sobre e para o país, como tantas, mas contada a partir do Norte e do Porto, como mais nenhuma. Agora sob ameaça”, pode ler-se. É também destacado o papel do jornalismo para a pluralidade num “país mais coeso e democrático, mais unido na sua diversidade.” Ainda assim, “o JN não é uma prioridade para a nova administração do Global Media Group (GMG)”, criticam.

com Ana Sofia Malheiro

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