Espanha
A polícia de Barcelona tentou levar estes “okupas” – mas eles resistiram até ao fim
La Ruïna e El Kubo são dois edifícios em Barcelona que se tornaram símbolos anti-sistema durante as eleições deste ano. Esta quinta-feira, foram evacuados pela polícia — mas os "okupas" resistiram.
A operação que teve lugar esta madrugada, em Barcelona, para retirar os "okupas" dos edifícios El Kubo e La Ruïna, no bairro de Bonanova, até acabou por ser bem-sucedida – mas não sem resistência. O grupo que ocupava os edifícios tentou, pelos meios que dispunha, resistir-lhe e até houve quem se pendurasse por uma corda no exterior do edifício para evitar ser despejado.
A história dos "okupas" em Espanha já é longa. O movimento caracteriza-se por ocupar ilegalmente casas desabitadas com o objectivo de fomentar actividades sociais e culturais (ou para viver neles). O El Kubo está ocupado desde 2016; o La Ruïna desde 2019. E só foram desocupados devido a uma ordem judicial que pretendia que os imóveis fossem entregues ao grupo proprietário Sareb (banco público encarregado de revender activos imobiliários após a crise financeira de 2008) e que levou à operação da madrugada desta quinta-feira, escreve o El País.
O grupo de ocupantes resistiu como pôde à entrada da polícia: atirou sacos de entulho e líquidos inflamáveis; colocou cercas nas entradas para não permitir a entrada dos agentes e até houve um membro do grupo que se pendurou por uma corda, do lado de fora do edifício El Kubo.
Sete pessoas foram detidas, depois de uma intervenção que durou cerca de cinco horas. Um dos detidos foi a pessoa que se pendurou na corda, os restantes seis estavam posicionados nos telhados dos edifícios.
Os comandos das autoridades policiais já previam uma operação complicada. Os relatos citados pela Reuters contam que as forças de segurança utilizaram “jaulas de protecção” como escudos para conseguirem dar seguimento à operação, já dentro dos edifícios.
A ocupação teve grande projecção mediática durante a campanha eleitoral para as últimas eleições autárquicas, que aconteceram no início deste ano. Foi usada como arma pelos partidos de direita, que colocavam em causa a segurança da cidade e encorajaram várias manifestações contra a ocupação. Contudo, estas manifestações colidiram com as marchas a favor dos "okupas", do direito à moradia e contra a especulação imobiliária.
Também esta quinta-feira houve protestos a favor dos "okupas" – um grupo de cerca de uma centena de pessoas chegou ao bairro de madrugada, mas desmobilizou cerca de duas horas depois. Para este sábado está também agendada outra manifestação, pelas 19h, na Plaza Alfonso Comín, lê-se na conta de X (ex-Twitter) do centro social que funcionava nos edifícios ocupados.
Texto editado por Inês Chaíça