Santa Bebiana: Vila na Covilhã organiza festa satírica com procissão de devoção a um pipo

“A Santa Bebiana é a padroeira dos que apreciam o vinho, a aguardente” e, especialmente a jeropiga, estrela do fim-de-semana da Vila do Paul. Uma “festa profana” em que se esperam 20 mil visitantes.

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Pelas ruas do Paul, vila no concelho da Covilhã, vão circular milhares de visitantes entre os dias 1 e 3 de Dezembro para venerarem uma padiola com um pipo de madeira em cima, na Festa de Santa Bebiana.

Na Procissão Chocalheira na noite de sábado, a partir das 22h, o cortejo é seguido por uma carroça conduzida por um burro, que distribui jeropiga pelos crentes neste ritual satírico, um pálio que abriga os pregadores e outros momentos cénicos protagonizados por elementos da comunidade.

Segue-se o Sermão Bebiano, no Largo do Chafariz da Praça, que tem sempre um conteúdo inédito e que faz uma análise mordaz ao ano que passou, tanto no domínio social como político, em tom cómico, da autoria de António Valezim, elemento da Casa do Povo.

"É uma festa profana, no sentido de não haver um Deus. Há uma devoção a um pipo. Não há uma personagem antropomórfica. Essa é uma das características da festa e também o sermão político e de crítica social", explicou, em declarações à agência Lusa, JP Narciso Luciano, presidente da Casa do Povo do Paul, responsável pela organização, em conjunto com a Junta de Freguesia e a Câmara da Covilhã.

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O programa divulgado pela Junta de Freguesia do Paul dr

O evento é uma "espécie de arraial à moda antiga", onde as antigas lojas de animais e adegas são ocupadas por restaurantes e bares, sublinhou JP Narciso Luciano, de 35 anos, que acentuou a preocupação em promover também a cultura e produtos locais através de um conjunto de iniciativas.

A Santa Bebiana do Paul, retomada em 2005, é inspirada na rotina dos pastores no início do século XX, quando deixavam a serra com o gado na altura em que a neve e o frio se instalavam, na transumância descendente, e percorriam as adegas da povoação a provar o vinho novo.

O presidente da Casa do Povo informou que, à medida que a pastorícia foi desaparecendo, essa rotina também caiu em desuso e começou a ser recriada no Paul nos anos de 1950 e 1960, "já com esse sentido mais artístico" e com a inclusão do sermão.

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A base de trabalho partiu da "recolha da memória colectiva" que foi sendo feita junto dos mais velhos, embora o programa seja cada vez mais abrangente e, além da "folia na rua", contemple artes tradicionais, música, dança, jogos tradicionais, um concurso da melhor jeropiga, passeio de bicicleta eléctrica, oficinas de gastronomia local, oficinas têxteis ligadas à lã, animação de rua, um simpósio pastoril e, este ano, foi feita uma residência artística com a comunidade, para criar mais momentos cénicos.

"A Santa Bebiana é a padroeira dos que apreciam o vinho, a aguardente, a jeropiga, todos feitos do mesmo substrato, e dos que os produzem. Os devotos fazem esta homenagem para que dê boas colheitas", disse JP Narciso Luciano à Lusa.

Segundo o presidente da Casa do Povo do Paul, no distrito de Castelo Branco, a festa tem um orçamento de cerca de 25 mil euros e "tem vindo a crescer ao longo dos anos em visitantes, participantes e na equipa artística".

A organização espera receber cerca de 20 mil pessoas durante os três dias de celebração nas ruas da vila.