Esquecido durante mais de meio século, quadro de Botticelli foi encontrado em Nápoles

A representação da Virgem Maria com o Menino Jesus, pintura que poderá valer à volta de 100 milhões de euros, será alvo de restauro urgente.

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Obra de Botticelli é datada do século XV Soprintendenza ABAP per l'Area Metropolitana di Napoli
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Uma pintura atribuída ao mestre renascentista Sandro Botticelli (1445-1510), que esteve no esquecimento durante mais de 50 anos depois de o Estado italiano lhe ter perdido o rasto, foi encontrada esta quarta-feira numa casa em Gragnano, na província de Nápoles. Estima-se que a obra possa valer à volta de 100 milhões de euros. A representação da Virgem Maria com o Menino Jesus não se encontra bem conservada, apresentando diversas marcas de desgaste e também “alterações cromáticas, provocadas pela oxidação de vernizes”, relata o Guardian.

O jornal britânico cita um capitão do comando militar responsável pela protecção do património cultural de Nápoles: Massimiliano Croce assinalou esta quarta-feira que a casa onde a obra de Botticelli esteve durante este tempo todo não recebia uma inspecção oficial, para examinar o seu estado de conservação, “há mais de 50 anos”. “Desde então, inexplicavelmente, a pintura foi esquecida pelas autoridades”, explicou. “Quando, depois de uma pesquisa sobre obras a inspeccionar, percebemos que um quadro de Botticelli tinha estado localizado numa residência privada durante mais de meio século, decidimos examiná-lo.”

A pintura será submetida a uma intervenção de carácter urgente. O restauro deverá durar pelo menos um ano, noticia o diário italiano La Repubblica, informando ainda que depois desse processo, e contanto que o mesmo culmine numa operação de sucesso, a obra deverá ser exibida num museu em Nápoles.

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O quadro não está em boas condições Soprintendenza ABAP per l'Area Metropolitana di Napoli

Lembrando que esta Virgem Maria é referida pelo historiador de arte e curador britânico Ronald Lightbown (1932-2021) num livro sobre a vida de Botticelli, o Guardian conta que, originalmente, o mestre renascentista deu a obra ao Papa Sisto IV (1414-1484), que depois, por seu turno, a passou para uma pequena igreja rural na região de Santa Maria la Carità, uma comuna napolitana.

O historiador de arte italiano Peppe Di Massa afirmou ao La Repubblica que a ideia do Papa era obter apoio financeiro da família Médici, uma vez que o chefe supremo da Igreja Católica atravessava um período de dificuldades financeiras e necessitava de dinheiro para terminar a construção da Capela Sistina.​ Os Médici tinham, na altura, adquirido propriedades na zona rural de Nápoles para explorar vinhas.​

O comando militar municipal vai agora investigar para tentar perceber se o quadro pertence mesmo à família que o tem mantido consigo. “Estamos a avaliar se eles adquiriram a obra” legitimamente, disse Massimiliano Croce, citado pelo Guardian. Se se descobrir que não têm direito a ficar com a obra, ela passará para as mãos do Estado. Se, por outro lado, se concluir que não houve irregularidades na aquisição, a pintura pode permanecer como sendo propriedade da família, “mas ser exibida num museu, para garantir uma maior” conservação.

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