Horários da rede Unir são publicados nesta sexta, a uma semana do início da operação
Autocarros da rede que cobre 17 municípios começam a circular no dia 1 de Dezembro. Área Metropolitana do Porto pede compreensão para os primeiros meses de arranque do novo sistema de transportes.
Há muito prometida, a nova rede de transportes públicos metropolitanos do Porto vai arrancar no dia 1 de Dezembro. Os autocarros da Unir, com imagem uniformizada e adesão ao sistema de bilhética Andante (o mesmo para o Metro do Porto, STCP e comboios urbanos do Porto), vão ligar os 17 municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP), mas ainda não são conhecidas as tabelas de horários.
O presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, garante que os horários serão publicados nesta sexta-feira, no site da nova rede de transportes. “Todos [os horários] que existiam mantêm-se e são acrescentados uns tantos, o que significa que não há nenhuma desregulação” na vida das pessoas, disse o responsável, aos jornalistas, no final da reunião do conselho metropolitano, que decorreu nesta sexta-feira.
O também autarca de Gaia admite que haja “alguma inquietação” de pessoas que “têm mais dificuldade” em encontrar informação no sítio online da Unir, mas garante que as autarquias estão a fazer uma campanha de divulgação porta-a-porta, em caixas de correio, com o apoio de escolas e paróquias. Os horários – quando estiverem disponíveis – também serão divulgados dessa forma.
Para já, está disponível no site o conversor de linhas, que permite ao utilizador perceber que nova linha serve o seu trajecto. Por exemplo, a linha 182, que era operada pela MGC Transportes e que ligava Alheira a Mafamude, passa a ser a linha 9039, com autocarros da Unir, que vai do Largo das Alheiras ao Terminal Rodoviário das Camélias, no Porto. Mas falta ainda divulgar as novas linhas que foram criadas.
Embora a AMP esteja a preparar a operação há meio ano (depois de um longo processo de concurso público e na justiça), o atraso na distribuição dos horários está relacionado com o ritmo de chegada dos novos autocarros, explica Eduardo Vítor. É que, para cumprir os horários definidos no caderno de encargos, as empresas que ganharam as concessões tiveram de adquirir novos veículos. Muitos dos operadores “estão a receber, à data de hoje, autocarros que ainda vão ser pintados ou caracterizados com o logótipo da Unir”, diz, pedindo compreensão para a fase de arranque da operação.
Outro ponto onde ainda falta informação é nas paragens por onde os autocarros da Unir vão passar, mas o autarca diz que esta estará colocada na próxima semana, antes do início da operação. Não haverá alteração de locais dos abrigos, mas haverá mudança de postaletes, refere. Esses ainda estão a ser colocados pelos municípios, com grafismo uniformizado da Unir, mas nem todos estarão no terreno do dia 1 de Dezembro, admite.
Arranque lento
Desde o concurso público lançado em 2020 que o arranque da Unir tem sido turbulento. As linhas, que antes eram concessionadas pelas câmaras, foram integradas em cinco de lotes de municípios, cada um com o seu concurso público. Acontece que, em vários dos lotes, as empresas que antes operavam naquele território recorreram para os tribunais, contestando o resultado dos concursos e arrastando o processo. Só em Abril de 2023 o Tribunal de Contas deu o seu visto aos cinco contratos.
A partir de Dezembro e até Fevereiro de 2024, diz Eduardo Vítor, a frequência de serviços vai aumentar. Para ter todos os horários disponíveis, foram precisos cerca de 160 motoristas que vieram do estrangeiro (o que contraria os receios de que os motoristas das operadores que antes trabalhavam no território iam para o desemprego, sublinha) e 200 novos autocarros adquiridos pelas empresas.
Entre outras questões, a AMP está ainda a trabalhar aspectos da nova rede, não só com operadores, mas também com autarquias. Esta semana, a Câmara Municipal do Porto (CMP) veio rejeitar isentar os autocarros da Unir da taxa que é cobrada às empresas de transportes que usam os terminais da cidade. O presidente da autarquia, Rui Moreira, criticou a “falta de planeamento” da nova rede.
Nesta sexta-feira, Eduardo Vítor Rodrigues disse que havia duas possibilidades em cima da mesa: ou a AMP conseguia uma isenção junto da CMP – “o que também não me parece justo”, disse – ou a AMP terá de comparticipar as despesas que os operadores terão com essas taxas de “toque” e permanência.