Paris pretende expulsar os grandes veículos utilitários desportivos (SUV) do centro da cidade, aumentando as taxas de estacionamento para carros pesados na capital francesa, e planeia uma votação dos cidadãos sobre a proposta no início do próximo ano. Depois de ter proibido o aluguer de scooters em Setembro, na sequência de uma votação dos cidadãos, Paris vai realizar um referendo local a 4 de Fevereiro sobre "o lugar dos SUV na capital". O PÚBLICO noticiou esta quarta-feira que Bruxelas também quer discutir uma mudança de regras para estes enormes, mais poluentes e perigosos veículos.
Como os SUV podem ser difíceis de distinguir dos outros modelos, a Câmara Municipal quer introduzir taxas de estacionamento mais elevadas para os carros com motor térmico que pesem mais de 1,6 toneladas e para os veículos eléctricos com mais de duas toneladas. Para determinar o peso de um carro, os scanners lêem a matrícula, que está relacionada com o modelo e o peso.
"Precisamos de reduzir o número e o tamanho dos carros na cidade, e é por isso que vamos submeter a votação a questão do espaço que deve existir para este tipo de veículos em Paris", disse à Reuters o vice-presidente da câmara, o ecologista David Belliard.
Sob o comando da Presidente da Câmara, Anne Hidalgo, Paris tem vindo a aumentar a pressão sobre os condutores, aumentando os custos de estacionamento e proibindo gradualmente os veículos a gasóleo, ao mesmo tempo que aumenta a rede de ciclovias na capital congestionada.
"(O voto SUV) é para dizer a todos aqueles que continuam a usar os seus carros particulares porque são os mais ricos: Não! Dentro de alguns anos, dentro de alguns meses, não serão bem-vindos em Paris", afirmou Belliard. O ecologista adiantou ainda que Paris também quer que os fabricantes de automóveis deixem de fabricar este tipo de veículos, porque são demasiado caros, poluentes e inadequados para os centros urbanos apertados.
O presidente da associação de automobilistas, Philippe Noziere, disse que se os carros são mais pesados e volumosos do que antes, é por razões de segurança e conforto."Os construtores fizeram um esforço enorme com estes veículos. É claro que isso se traduziu num aumento de peso", afirmou.
Henri Duret, residente em Paris, tem pouca simpatia pelos SUV. "São um símbolo de outra época... Um símbolo de esmagamento dos outros. Porque é um carro mais pesado, consome mais combustível e, portanto, polui mais. Por isso, acho normal que sejam mais taxados", afirmou.
Tal como PÚBLICO noticiou esta quarta-feira, os SUV estão na mira de Bruxelas. O Parlamento Europeu prepara-se para debater alterações a cartas de condução para carros mais pesados. Estes veículos ocupam mais espaço e levantam mais problemas para o ambiente, mas também colocam questões de segurança para utilizadores da rua que não sejam condutores. É nesta base que o Parlamento Europeu está a debater como lidar com os riscos para peões, velocípedes e carros mais pequenos que representam os veículos utilitários desportivos (SUV, na sigla em inglês), que por norma têm maiores dimensões e são mais altos. São também cada vez mais populares.
Há dois factores que, combinados, servem de sustentação ao texto cuja relatora é a eurodeputada francesa: os SUV são mais propensos a colisões que os veículos ligeiros, lê-se no relatório, assim como os condutores mais jovens têm tendência a ter embates na estrada. O relatório menciona que há também a questão ambiental - são menos eficientes, consumindo mais combustível e tendo um maior nível de emissões - e da mancha que ocupam nas cidades, onde o espaço escasseia.