Lobo Xavier diz que Costa adensou “clima de intriga infame” contra Marcelo
Conselheiro de Estado considera que não violou dever de reserva do órgão de consulta do Presidente da República e diz que envolvimento do seu nome nesta polémica é uma “manobra de diversão”.
António Lobo Xavier, advogado e conselheiro de Estado, considerou que o primeiro-ministro demissionário “adensou o clima de intriga infame contra o Presidente da República” ao ser “ambíguo” nas respostas aos jornalistas sobre se pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para ouvir a procuradora-geral da República no dia em que foi desencadeada a Operação Influencer.
Esta noite, na CNN, o antigo dirigente do CDS respondeu às críticas de António Costa sobre a informação de que foi o próprio primeiro-ministro a solicitar que Lucília Gago fosse ouvida em Belém, na manhã de 7 de Novembro, o que foi revelado pelo próprio chefe de Governo na reunião do Conselho de Estado dois dias depois, como noticiou o PÚBLICO.
Lobo Xavier considerou que não violou a confidencialidade do Conselho de Estado já que as informações que referiu, no programa O Princípio da Incerteza, na noite de domingo, estavam “na comunicação social”, e que foi o próprio primeiro-ministro que “sugeriu” ter revelado a informação durante a reunião do Conselho de Estado de 9 de Novembro.
Lembrando que o Presidente pode revelar as actas do Conselho de Estado em situações “excepcionais”, Lobo Xavier defendeu que entre o “proteger o dever de reserva ou a confidencialidade que o primeiro-ministro invoca que permite o adensar de uma intriga infame, e do outro lado revelar a verdade, esse conflito de interesses é resolvido a favor da verdade”.
“Não estou disponível para que num assunto tão importante, num caso em que o Presidente da República, nas actuais circunstâncias, é o único referente que não está em causa, a ideia de uma ambiguidade que pode sugerir alguma maquinação, é uma ideia insuportável conduz a mentiras, especulações”, disse, referindo que o contexto em causa eram “spins” sobre o motivo da audiência da procuradora em Belém, horas antes de Costa ter pedido a demissão de primeiro-ministro por ser alvo de um inquérito relacionado com a Operação Influencer.
Questionado sobre se a acta da última reunião do Conselho de Estado deve ser pública, o conselheiro de Estado disse que “se fosse Presidente da República, procuraria fugir deste clima em que se estão a arranjar bodes expiatórios para esquecer o essencial”.
“O meu nome não devia estar no alinhamento do telejornal, é uma pequena manobra de diversão para criar uma intriga”, disse.
Assumindo que pedir para que Lucília Gago fosse ouvida quando estavam buscas em curso à residência do primeiro-ministro e em dois ministérios “não é problema nenhum”, Lobo Xavier sustentou que veio prestar esclarecimentos para que “não se crie no espírito do cidadão de que houve uma maquinação, ou conspiração ou de que o Presidente fez alguma coisa de censurável”.