“Desde que as instituições funcionem, o BdP está muito confortável”, diz Centeno sobre convite de Costa

O BdP dá por encerrada a discussão sobre o convite a Mário Centeno para substituir António Costa como primeiro-ministro, mas admite que a crise política afecta a estabilidade financeira.

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Reuters/PEDRO NUNES
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O convite recebido por Mário Centeno para substituir António Costa, na sequência da demissão deste último do cargo de primeiro-ministro, está encerrado para o Banco de Portugal (BdP). Quem o garante é o próprio governador, que diz que, "desde que as instituições funcionem, o BdP está muito confortável".

Mário Centeno falou, nesta quarta-feira, numa conferência de imprensa onde foi apresentado o mais recente Relatório de Estabilidade Financeira publicado pelo BdP. Questionado sobre este episódio da crise política que Portugal atravessa, o governador rejeitou alongar-se sobre o assunto.

"Há um comunicado do conselho de administração do BdP que diz tudo o que há a saber sobre o parecer da comissão de ética. Desde que as instituições funcionem, o BdP está muito confortável", resumiu Mário Centeno.

Em causa, o convite feito por António Costa ao actual governador do BdP e antigo ministro das Finanças para que o substituísse como primeiro-ministro, depois de ter apresentado a demissão deste cargo. Foi o próprio António Costa que, há duas semanas, revelou que tinha proposto o nome de Mário Centeno para o cargo de primeiro-ministro, uma informação que levou a oposição a questionar a legitimidade do governador para se manter em funções.

Ao mesmo tempo, a comissão de ética do BdP decidiu avaliar a conduta de Centeno, acabando por concluir que o governador cumpriu "os seus deveres gerais de conduta", ainda que tenha considerado que "os desenvolvimentos político-mediáticos subsequentes podem trazer danos à imagem" do BdP.

Já o conselho de administração do BdP referiu, no comunicado agora lembrado por Mário Centeno, que "sempre estiveram reunidas as condições de independência do BdP e dos seus órgãos para o exercício das suas competências".

Durante a conferência de imprensa desta quarta-feira de manhã, Mário Centeno não quis fazer mais comentários sobre este tema, mas, no Relatório de Estabilidade Financeira agora divulgado, é o próprio regulador a admitir que "o recente quadro de incerteza política que o país vive é uma nova fonte de risco, apesar de mitigada pela esperada aprovação do Orçamento do Estado para 2024 proposto pelo actual Governo".

Sobre este assunto, Clara Raposo, vice-governadora do BdP e também presente na conferência de imprensa, sublinhou que, "sempre que temos incerteza política, temos maior indefinição de políticas económicas", o que acarreta maior risco para a estabilidade financeira. "Não temos as mesmas certezas, hoje, de qual vai ser a direcção de política económica que um próximo governo venha a escolher. A previsibilidade é um valor em si mesmo", afirmou.

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