Palcos da semana: do Cão sem Plumas à Maria Coroada

Nos próximos dias, também há corrupio musical na Avenida da Liberdade, um festival de Som Riscado e concertos de Drum Solo.

p2,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Maria Coroada (foto de ensaio), em estreia no Porto Luis Firmo
p2,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Jehnny Beth integra a comitiva do Super Bock em Stock DR
p2,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Chega a Portugal o premiado Cão sem Plumas de Deborah Colker Cafi/Divulgação
p2,lazer,teatro,culturaipsilon,danca,musica,
Fotogaleria
Matthew Herbert vem recriar um Drum Solo com Julian Sartorius Chris Plytas
,Fado
Fotogaleria
Stereossauro e Ana Magalhães levam Tristana ao Som Riscado Susana Valadas
Ouça este artigo
00:00
03:44

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Oremos, Oceana

Uma jovem mulher, com o lastro de uma grande história, um dom para a cura e um carisma encantatório, vai atraindo seguidores. Não é perfil de redes sociais. É um relato vindo do Portugal profundo de meados do século XIX. E também uma peça pronta a estrear.

Investida de uma doutrina só dela e da crença de ser íntima de Cristo e próxima de Deus, Maria das Neves autoproclamou-se de “terceira Eva”, fez-se sacerdotisa e fundou, na povoação da Granja do Tedo (Tabuaço), uma seita sem paralelo. O seu reinado – com trono e tudo – duraria cerca de sete anos.

João Garcia Miguel pegou no intrigante caso de Maria Coroada e escreveu a peça que agora estreia no Porto, com encenação partilhada com Amândio Anastácio. Cabe a Oceana Basílio ascender ao papel titular, num leque de intérpretes que também conta com Carmo Teixeira, Gustavo Antunes, Manuel João Vieira, Miguel Moreira, Rui Oliveira, Sérgio Novo e João Bastos. É levada à cena pela Companhia João Garcia Miguel, a Alma d’Arame e a Asta Teatro.

Avenida acima, avenida abaixo

Anna Calvi, Filipe Karlsson, Gilsons, Jehnny Beth, The Cavemen, The Legendary Tigerman, Valete, Will Butler e Sam Tompkins estão entre os mais de 40 artistas que provocam, este ano, as movimentações do Super Bock em Stock no eixo da Avenida da Liberdade.

Do São Jorge ao bar do Coliseu, passando pela Casa do Alentejo ou um autocarro, ocupam várias salas com concertos de rock, derivados, aparentados ou nem tanto.

Aplica-se o bordão “o difícil é escolher”. O que não se aplica é a obrigação de definir itinerário prévio. Embora alguns frequentadores o possam recomendar, outros preferem ir fluindo pelo imprevisto e descobrindo a novidade.

O Cão sem Plumas de Colker

Poesia, um rio e a cultura nordestina unem-se no espectáculo que a brasileira Deborah Colker estreou no Recife, em 2017, e com o qual ganhou o Prix Benois de la Danse de coreografia no ano seguinte.

Os bailarinos da sua companhia, como que cobertos de pó ou lama seca, surgem entre música, projecções e movimentos acrobáticos (lembremos aqui o trabalho de Colker com o Cirque du Soleil em Ovo, que volta a Portugal em Dezembro), para dar vida a uma releitura do Cão sem plumas de João Cabral de Melo Neto.

Tal como o poema, à medida que vai seguindo o curso do rio Capibaribe, o espectáculo vai revelando “a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue, de ‘força invencível e anónima’”, descreve a sinopse.

Um solo a dois

Matthew Herbert é “só” um dos mais importantes nomes da reinvenção da música electrónica, de personalidades artísticas multiplicadas por um manifesto que recusa sons que já existam e que propõe continuamente novos puzzles sonoros, sejam eles bizarros, brincalhões, sensíveis ou politizados.

Um dos desafios recentes foi fazer com o baterista Julian Sartorius um álbum num único dia. Um disco chamado Drum Solo que é, na verdade, um diálogo em que Herbert manuseia exclusivamente o que sai das baquetas de Sartorius. É isso que a dupla vem recriar ao vivo e em tempo real.

A riscar por aí

Apetrechado da irreverência, inovação e interactividade que lhe estão no ADN, o festival Som Riscado chega à oitava edição para tecer intersecções de música e imagem de vária ordem, seja no Cineteatro Louletano, num bar ou na sede do rancho local.

Pode ser um dispositivo oCo da Sonoscopia que se molda ao espaço, um concerto multimédia dos :Papercutz, um Coral dos The Gift em formato imersivo e inclusivo, a Tristana que Stereossauro criou com a voz de Ana Magalhães ou um Piano Oceano preparado por Mariana Miguel.

Pelo festival algarvio passam também as Texturas do Colectivo Algarve Art Lab, a instalação Over Our Heads coreografada por Marta Cerqueira, o Plural Real Animal de Holy Nothing e Koiástudio, e as manipulações feitas por Bandex.

Sugerir correcção
Comentar