Numa carta enviada esta semana à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e com conhecimento do ainda primeiro-ministro, António Costa, e do presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Bernando Gouvêa, a ViniPortugal, organização que representa o sector vitivinícola nacional com a missão de promover internacionalmente os vinhos portugueses, contesta a actual distribuição das verbas da taxa de promoção do vinho por parte do IVV.
De acordo com a carta, a ViniPortugal acredita que as verbas da taxa de promoção aplicadas a vinhos e produtos vínicos produzidos em território nacional devem ser “utilizadas na totalidade pelo sector para a promoção, ao contrário do que tem vindo a acontecer”, pode ler-se na missiva, a que o PÚBLICO teve acesso.
A entidade presidida por Frederico Falcão sublinha que parte da taxa de promoção tem sido usada para “acções de desenvolvimento e sustentabilidade do sector”, nomeadamente para a sensibilização sobre “o consumo moderado dos produtos vínicos, produzidos no território nacional ou não”. Para a ViniPortugal, esse financiamento deveria vir das próprias verbas do IVV e não da taxa de promoção.
A carta enviada pela ViniPortugal é assinada pelos responsáveis dos seus oito associados: a Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV), a Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE), a Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas (ANDOVI), a Associação Nacional de Destiladores de Produtos e Sub-Produtos (AND), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (FENADEGAS), a Federação Nacional de Viticultores Independentes (FENAVI) e Federação de Viticultores de Portugal (FEVIPOR).
Entidades de peso para quem, por outro lado, não deveria ser o Estado a “deliberar a repartição da taxa”, mas sim o próprio sector, “através da sua Organização InterProfissional”, a ViniPortugal.
De acordo com um dos subscritores da carta ouvidos pelo PÚBLICO que prefere não ser identificado, a carta surgiu na sequência da “indignação do sector” com a repartição da taxa, em particular com “o corte de verbas do IVV à ViniPortugal”. Segundo a mesma fonte, serão “mais de 700 mil euros tirados ao sector da taxa que deveria financiar a promoção externa".
O PÚBLICO tentou ouvir Bernardo Gouvêa, o presidente do IVV, que remeteu qualquer comentário para segunda-feira.