Coreia do Sul quer banir o consumo de carne de cão até 2027

Lei deve ser aprovada este ano, para, até 2027, dar tempo aos produtores e comerciantes para se adaptarem.

Foto
Coreia do Sul quer banir o consumo de carne de cão até 2027 Camylla Battani/Unsplash
Ouça este artigo
00:00
03:00

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A Coreia do Sul está a planear aprovar uma lei para banir o consumo da carne de cão no final deste ano, reportam as autoridades de Seul.

Comer carne de cão não é explicitamente proibido ou legal na Coreia do Sul, e os sucessivos governos têm vindo a falhar a nível de progressos nas promessas de parar a prática.

O ímpeto público e político para proibir a carne de cão tem vindo a crescer no país, à medida que esta prática secular tem vindo a cair em desuso entre os coreanos mais jovens. Também foi alvo de críticas internacionais por activistas internacionais.

O partido People Power, que lidera o país, definiu um prazo para a acção.

“Estamos a planear promulgar uma lei especial para banir a carne de cão ainda este ano, para resolver este problema o mais rápido possível”, referiu Yu Eui-dong, do People Power, depois de uma reunião parlamentar que contou com membros do Ministério da Agricultura e de grupos de direitos dos animais.

Esta lei especial vai permitir um período de três anos para adaptação da indústria. Se for aprovada antes do fim do ano, a carne de cão deverá ser totalmente banida em 2027.

A lei requer que as quintas de cães, matadouros, comerciantes e restaurantes submetam um plano de supressão às autoridades locais.

“Vamos dar apoio total aos produtores, talhantes e outros negócios que possam enfrentar o encerramento ou transição devido a esta lei”, garantiu Yu, acrescentando que a compensação vai ser limitada a negócios legalmente registados e que submetam os planos.

O presidente Yoon Suk Yeol e a primeira-dama Kim Keon Hee são conhecidos como amantes de animais: têm seis cães e cinco gatos. Kim participou num evento pelos direitos dos animais, em Agosto último, e afirmou que “o consumo da carne de cão deveria acabar… numa era em que os humanos e os animais coexistem como amigos”.

Os grupos de defesa dos animais louvaram o anúncio e pediram urgência ao Parlamento na aprovação da lei.

“As notícias de que o governo da Coreia do Sul está, finalmente, preparado para banir a indústria da carne de cão são um sonho tornado realidade para todos nós que apelamos tanto ao fim desta crueldade”, disse Chae Jung-ah, da Humane Society Internation, que participou na reunião. “A sociedade coreana chegou a um ponto em que a maioria das pessoas rejeita comer cães e quer ver este sofrimento apenas nos livros de história.”

Mas Joo Young-bong, director da Associação de Produtores de Carne de Cão, defendeu que a proposta do governo é “inviável”. “A transição do trabalho de uma vida é uma opção difícil e insustentável para nós produtores com 60 e 70 anos.”

Joo acredita que a indústria de devia auto-sustentar por, pelo menos, duas décadas, enquanto os consumidores desta carne, a maioria com mais de 50 anos, existem no país. As vozes dos produtores e de outros stakeholders têm sido deixadas de fora nesta discussão, lamenta.

De acordo com um estudo do ano passado, a Coreia do Sul tem cerca de 1150 quintas de produção e mais de meio milhão de cães criados para consumo, um número significativamente menor do que há algumas décadas. A diminuição da procura de carne de cão reflecte uma mudança na percepção pública, acompanhada pelo aumento de animais de companhia no país.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários