Colocar avisos como os do tabaco na comida pode reduzir consumo de carne? Estudo diz que sim

Estudo conclui que os rótulos que com advertências ou que incluem imagens gráficas poderiam reduzir a selecção de refeições que contêm carne em 7 a 10%.

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Rótulo sugerido pelos investigadores da Universidade de Durham Jack Hughes/Durham University
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Imagine que está numa cantina e tem à escolha quatro refeições: uma de carne, outra de peixe, um prato vegetariano e um vegano. Se a refeição que contém carne tivesse um aviso semelhante aos do tabaco, optaria por outro prato? Um grupo de investigadores acredita que sim.

Um estudo conduzido pela Universidade de Durham, no Reino Unido, e esta quarta-feira publicado na revista científica Appetite, descobriu que os rótulos com advertências e/ou que incluem imagens gráficas – como as que alertam para o desenvolvimento de doenças cardíacas ou cancro do pulmão nos maços de tabaco – poderiam reduzir a selecção de refeições que contêm carne em 7 a 10%.​

Admitindo que "a carne é um produto alimentar popular" e que "tem sido difícil dissuadir as pessoas" deste consumo, os investigadores tentaram perceber se as advertências ilustradas que são eficazes na redução do tabagismo e do consumo de bebidas açucaradas e de álcool também o seriam dentro do "domínio do consumo de carne".

Seleccionaram, então, 1001 adultos carnívoros (e residentes no Reino Unido, um país em que 72% da população se considera consumidora de carne) e dividiram-nos em quatro grupos. A cada um dos grupos mostraram, primeiro, imagens de carne cozinhada, peixe, comida vegetariana e comida vegana ao estilo das refeições das cantinas e, depois, as mesmas imagens com um rótulo de advertência de saúde, um rótulo de alerta climático, um rótulo de alerta de pandemia ou nenhum rótulo.

De uma tabela, os participantes podiam escolher, por exemplo, entre hambúrgueres ou lasanhas de carne, peixe, vegetarianas ou veganas. Os rótulos de alerta de pandemia provaram ser os mais eficazes (10%) para dissuadir os participantes de escolherem as opções de carne, seguidos pelos avisos de saúde (8,8%), os avisos climáticos (7,4%).

"Em comparação com os rótulos de advertência ilustrados sobre clima e saúde, os rótulos de advertência sobre pandemia desencadearam uma excitação emocional negativa mais forte e foram considerados menos credíveis", aponta o estudo.

Os investigadores disseram, no entanto, que as diferenças não eram estatisticamente significativas e que os participantes consideraram os alertas climáticos os mais credíveis. "Não houve diferenças estatisticamente significativas na proporção de refeições de carne seleccionadas entre os diferentes grupos de advertências, o que significa que todas as advertências tiveram um desempenho semelhante na redução da selecção de refeições de carne em comparação com a situação em que nenhuma advertência foi mostrada", referem.

“Alcançar as emissões zero é uma prioridade para a nação e para o planeta”, disse Jack Hughes, um candidato a doutorado que liderou o estudo, ao The Guardian. “Como já foi demonstrado que os rótulos de advertência reduzem o tabagismo, bem como o consumo de bebidas açucaradas e álcool, a utilização de um rótulo de advertência em produtos que contenham carne poderia ajudar-nos a conseguir alcançar isso, se for introduzido como política nacional.”

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