Pedro Costa e Víctor Erice: diálogos no Nimas à entrada de um mundo desaparecido

Um está condenado a um exílio interior, o outro encontrou a sua comunidade. Mas mesmo que um mundo os separasse, teriam sempre Charlie Chaplin. Os dois cineastas encontraram-se no Leffest, em Lisboa.

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O Leffest de Paulo Branco recebeu Pedro Costa e Victor Erice na quinta-feira à noite, em sala esgotada Rui Gaudêncio
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Separa-os a idade: Víctor Erice tem 83 anos, Pedro Costa tem 64. Sugeriu Victor outra diferença: que o peso da filosofia que ele tem tendência a transportar costuma ser aligeirado por Pedro nas conversas que ambos vêm mantendo portanto, tem havido diálogos para se encontrarem e têm-se apresentado sob esse formato em feiras e outras festividades, como brincou Pedro. Une-os uma mesma condição de uma orfandade original, sendo como são, o espanhol e o português, cineastas do país de "Don Luis Buñuel" e de "Don Manoel de Oliveira". Mas, e essa é uma diferença essencial, Pedro Costa terá conseguido "encontrar o seu lugar e a sua gente, entre os humilhados e ofendidos, projectando a ideia de comunidade", disse Víctor Erice. Que já escreveu sobre o companheiro. "Mas ele não escreveu sobre mim." Não precisou de sublinhar mais o lugar de onde falava, o da solidão. "Isso [a comunidade] eu não encontrei, estando obrigado a uma certa solidão, a um certo exílio interior."

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